SANTOS E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Santos anunciou nesta quinta-feira (13) um acerto com o técnico argentino Jorge Sampaoli, 58, comandante da Argentina na Copa do Mundo da Rússia.

O clube alvinegro afirma que a assinatura do contrato deverá ser feita em um encontro presencial neste fim de semana. O estafe do treinador, por outro lado, adota cautela e afirma haver apenas conversas, que deverão avançar nos próximos dias.

Quem trabalha com o técnico se assustou com as manifestações do Santos nas redes sociais, dando a contratação como certa.

O clube publicou até uma carta em seu site oficial, assinada pelo presidente José Carlos Peres, na qual discorre sobre a chegada do profissional ao clube, ainda não confirmada.

“A vida precisa de ousadia. Podemos não ter o maior orçamento do futebol brasileiro, mas temos a maior marca entre os clubes nacionais e precisamos saber utilizá-la. Assim conseguimos atrair jogadores como Carlos Sánchez, Bryan Ruiz, Derlis González e agora o técnico Jorge Sampaoli. Santos FC é sinônimo de jovens talentos, futebol ofensivo, uma magia histórica e única. Nada melhor para comandar esse potencial que um técnico experiente, de nível internacional e com ideias novas”, diz o mandatário na publicação.

Sampaoli deve chegar a Santos no sábado (15). Um dos aspectos que precisa ser definido é a inclusão de profissionais de análise de desempenho em sua comissão técnica, que, por enquanto, só conta com a confirmação do preparador físico Jorge Desio.

Antigo auxiliar técnico fixo da comissão de Sampaoli, Sebastián Beccacece brigou com o técnico após a Copa do Mundo e hoje está treinando o Defensa y Justicia (ARG).

O argentino é uma aposta de Peres. Na última segunda-feira (10), durante reunião do comitê gestor do clube, Ariel Holan, técnico do Independiente (ARG), e Dunga eram os nomes mais cotados para assumir o time após a ida de Abel Braga, antigo plano A, para o Flamengo. Vanderlei Luxemburgo e Zé Ricardo também estavam na pauta.

Holan e o Santos chegaram a conversar e discutiram inclusive o pagamento da multa rescisória ao Independiente. Foi Peres quem pensou em Sampaoli, cuja possibilidade de contratação não foi aventada na reunião com o comitê, e decidiu iniciar as tratativas sozinho. O estafe do técnico respondeu positivamente e então iniciaram a negociação.

A busca por Sampaoli lembra o processo que levou à contratação de Cuca nesta temporada, na qual o presidente centralizou a decisão e tomou a frente das negociações. O nome do técnico não era nem cogitado para substituir Jair Ventura. O colombiano Juan Carlos Osorio, Luxemburgo e Zé Ricardo eram os favoritos daquela vez.

Na ocasião, Peres atendeu a uma sugestão de um dirigente, que lembrou de Cuca. O presidente entrou em contato com o treinador e o negócio foi fechado na mesma ligação. Horas depois, o Santos fez o anúncio oficial. Cuca deixou o clube após o Brasileiro para se tratar de um problema cardíaco.

Segundo a reportagem apurou, o Santos enfrenta a concorrência de times da Europa e dos Estados Unidos, que querem contar com Sampaoli em 2019.

Treinar no Brasil é um sonho antigo do argentino. Quando estava na Universidad de Chile, onde fez seu primeiro grande trabalho na carreira –conquistando três vezes o Campeonato Chileno e uma Copa Sul-Americana entre 2011 e 2012–, a equipe que gere a carreira do técnico trabalhava para colocá-lo no futebol brasileiro.

Ele tinha convicção de que seus conceitos futebolísticos seriam perfeitamente aplicáveis nos grandes times do país.

Em 2012, o Cruzeiro chegou a abrir negociações com o argentino, que acabaram não se concretizando. Naquele mesmo ano, o técnico iniciou seu trabalho à frente da seleção do Chile, pela qual conquistaria a Copa América de 2015, superando a Argentina na final.

A passagem pela seleção foi o salto que o argentino deu para o grande cenário do futebol mundial. O bom desempenho na Copa do Mundo de 2014, além do título da Copa América, chamaram a atenção do Sevilla (ESP).

O trabalho na Espanha foi interrompido pelo convite da seleção argentina, outro sonho antigo seu, para comandar a equipe na Copa do Mundo da Rússia. Os argentinos foram eliminados nas oitavas de final pela França, que se sagrou campeã mundial.

Sampaoli é natural de Casilda, município localizado na província de Santa Fe. Na infância, era torcedor fanático do River Plate (ARG), viajando os pouco mais de 300 quilômetros que separam sua cidade natal de Buenos Aires para ir ao Monumental de Nuñez.

Chegou a tentar a carreira de jogador, atuando nas categorias de base do Newell’s Old Boys (ARG), mas uma lesão na tíbia encerrou precocemente seu sonho de se tornar atleta profissional.

Passou então a jogar nas ligas amadoras de Santa Fe, enquanto também trabalhava como caixa de banco. Seu desejo, porém, era triunfar no futebol e virar treinador, função que iniciou no Alumni de Casilda, passando por outras equipes da Liga Casildense.

Fanático por Marcelo Bielsa, com quem o Santos negociou em 2013, gravava as entrevistas coletivas do técnico para escutá-las em um walkman enquanto fazia suas corridas diárias. Convidado para trabalhar nas categorias de base do Newell’s, aproveitou o tempo livre para espiar os treinamentos do time profissional, comandado por Bielsa no início dos anos 1990.

Até hoje, as ideias do mestre servem de referência para seu trabalho, que tem como marca o futebol ofensivo.

Jorge Sampaoli, caso assine com o clube, será o primeiro estrangeiro a comandar o Santos desde seu compatriota Ramos Delgado, em 1978.

PERFIL – Jorge Sampaoli, 58

Nascido no dia 13.mar.1960, em Casilda, província argentina de Santa Fe, Jorge Sampaoli foi técnico nas ligas amadoras de sua região antes de trabalhar no futebol profissional. Comandou, no Peru, Juan Aurich, Sport Boys, Coronel Bolognesi e Sporting Cristal; no Equador, trabalhou no Emelec, e no Chile treinou O’Higgins e Universidad de Chile. Seu último clube foi o Sevilla, da Espanha. Treinou também as seleções do Chile e da Argentina nas Copas de 2014 e 2018, respectivamente