SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em sua palestra nesta quinta (5) em São Paulo, Barack Obama fez uma defesa vigorosa da liberdade de imprensa como baluarte da democracia e rejeitou formas de censura governamental como solução para a epidemia das notícias falsas, as “fake news”, na internet.
“Temos de ouvir o outro, com jornalismo independente e novas formas de publicidade digital”, afirmou o ex-presidente, citando um ponto nevrálgico para as empresas de comunicação: o desafio a seu modelo de negócios e a proliferação de notícias falsas que tanto marcou a eleição americana que elegeu seu sucessor, Donald Trump.
Ele comentou o consumo de informação por meios digitais. Questionado pelo diretor-geral de Mídia Impressa do Grupo Globo, Frederic Kachar, se o duopólio que comanda o fluxo de publicidade na internet (Google e Facebook, não nomeados) é prejudicial pela concentração de poder, Obama evitou críticas.
“As plataformas são neutras na essência. Concentração de mídia não é algo novo. O importante é ver como a informação é disseminada. Nos EUA, nós tínhamos antes apenas três redes de TV [ABC, CBS e NBC]”, afirmou.
Ao defender o pluralismo informativo, arrancou risadas do público: “O mundo na Fox News [rede de TV de posições conservadoras e próxima da gestão republicana de Trump] não tem conexão com o que você lê no ‘The New York Times’ [jornal liberal, alinhado ao Partido Democrata de Obama]. Eu leio o ‘NYT’, sou meio enviesado, mas se assistisse à Fox, também não votaria em mim!”.
Para ele, “o importante é que as comunidades on-line virem off-line”.