BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A controversa decisão do presidente americano, Donald Trump, de retirar tropas da Síria dominou as conversas entre o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu durante almoço nesta terça-feira (1º) no hotel Meliá, em Brasília.

Ambos vieram ao país para a posse do presidente Jair Bolsonaro e fizeram declarações após o encontro.

Netanyahu, que chamou Pompeo de “nosso amigo Mike”, disse que Israel está preocupado com o possível impacto da retirada de tropas americanas da Síria sobre o acordo de cooperação com Israel para garantir não só a segurança do país como do Oriente Médio.

Segundo o premiê israelense, a região vem sofrendo ataques do Hizbullah, grupo xiita libanês próximo do Irã.

“[Bloquear os ataques iranianos] é um objetivo comum”, disse Netanyahu ao deixar o hotel ao lado de Pompeo. “Devo dizer que estou muito grato pelo apoio [dos EUA] aos nossos esforços de defesa contra a Síria e o Hizbullah.”

Logo depois das declarações de Netanyahu, Pompeo afirmou que a decisão de Trump sobre a Síria não compromete a cooperação com Israel.

“Nossa campanha para conter as agressões iranianas continua “, disse Pompeo. “Entendemos o que a violação da soberania israelense representa para o país e para a região.”

O anúncio da retirada de tropas da Síria contrariou orientações do Pentágono e uma declaração recente do assessor de Segurança Nacional de Trump, John Bolton, de que os EUA não deixariam a Síria enquanto o Irã ou seus aliados estivessem atuando no país.

Diplomatas brasileiros consultados pela reportagem consideram que a retirada das tropas americanas da Síria abre espaço para a influência da Rússia e do Irã. Além disso, ao deixar aliados curdos na região, permitirá que a facção terrorista Estado Islâmico possa se fortalecer novamente.

Para eles, Trump sinaliza que, ao acabar com as campanhas militares, pretende concentrar esforços na disputa geopolítica com a China. Washington e Pequim travaram durante grande parte de 2018 uma guerra comercial que, apesar da trégua anunciada durante a última cúpula do G20, em dezembro, deve prosseguir durante este ano.