O medo da violência e da criminalidade crescente não é mais um “privilégio” dos grandes centros urbanos no Paraná, e se alastra pelos pequenos municípios e localidades, figurando junto com os problemas da saúde pública no topo da lista de preocupações dos eleitores. Quem aponta é o analista e diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo Lopes de Oliveira, com base em levantamentos feitos nos últimos tempos pelo instituto. Já a saúde, segundo ele, é um tema cuja preocupação aumenta nos pequenos municípios, por conta da precariedade dos serviços públicos nessas regiões.

“Segurança hoje não é mais uma preocupação só das grandes cidades. É generalizada”, explica o pesquisados. Ele enxerga ainda uma pequena diferença em relação a esse tema. “Quanto maior a cidade, maior a preocupação com segurança. Quanto menor, maior a preocupação com saúde”, diz.

Apesar dessa ligeira diferença, Oliveira considera que hoje o “humor” do eleitorado em relação aquilo que ele espera dos próximos governantes é bastante uniforme, até em função da dinâmica das relações sociais e do acesso à informação cada vez mais difundido em todos os estratos populacionais. Tanto que o analista faz uma afirmação que pode ser considerada surpreendente para quem acostumou a ver a agricultura como a principal atividade e influência no modo de pensar dos paranaenses. “O discurso de que o Paraná é um estado agrícola já era. Está muito mais para urbano do que agrícola. Quem vier com discurso de agricultura terá dificuldade”, conta.
Segundo ele, a agricultura continua tendo um peso importante, mas focar só a questão agrícola vai contra a tendência cada vez mais forte de urbanização do Estado. Tanto que mesmo no interior, explica, o setor de serviços tem se tornado um dos mais destacados economicamente.

O pesquisador também desfaz outro mito muito em voga entre políticos, segundo o qual as chapas de candidatos a governador e vice devem combinar lideranças da Capital e do interior, para evitar “melindres” com o eleitorado de cada um desses segmentos. “Não acredito em guerra interior versus capital. Não tem nada a ver com a cabeça do eleitor. Tanto faz o candidato ser de Curitiba ou do interior”, garante.
No plano nacional, tem sido corrente o comentário sobre a ascensão das mulheres na política. Essa avaliação é corroborada pelo fato de que a disputa presidencial deste ano terá pela primeira vez uma mulher – a ministra da Casa Civil e pré-candidata do PT, Dilma Roussef – com chances reais de vitória; além da ex-ministra e senadora Marina Silva (PV) como um nome emergente na disputa. “Para o eleitor também não faz diferença a questão de gênero, se o candidato é homem ou mulher. Não pesa em nada, pesa muito mais as propostas e os apoios que o candidato tem”, aponta.

Decisivo mesmo, confirma o diretor da Paraná Pesquisas, é o estado da economia do País, que se reflete diretamente no pensamento do eleitor na hora de decidir o seu voto. “Se a economia vai bem, e se permanecer bem até outubro, isso faz as pessoas relutarem em relação a mudanças”, diz, acrescentando que “quem pregar a mudança terá muita dificuldade”.

Esse, na avaliação dele, será o grande desafio do principal candidato de oposição à Presidência, governador de São Paulo, José Serra (PSDB). “Ele terá que pregar um novo projeto político sem defender mudanças, pelo menos na economia”, afirma Oliveira.