Claudinei Pereira / APP-Sindicato

Cerca de 60 servidores públicos passaram a noite embaixo das marquises do Palácio Iguaçu, no Centro Cívico. Outras 50 pessoas dormiram nas tendas montadas na praça Nossa Senhora de Salete. O acampamento na porta do Palácio iniciou na manhã desta quarta, 10, logo após os servidores deixarem a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).

“Esperamos a formalização de uma proposta para que possamos levar às categorias para avaliação. Comprovamos nos debates que o governo tem condições de pagar ao menos a inflação dos últimos doze meses. A decisão agora é política do governador Ratinho Junior ”, afirmou Hermese Leão, presidente da APP-Sindicato.

Reunidos na noite desta quarta-feira, 10, dirigentes da APP-Sindicato convocaram uma assembleia para a manhã do próximo sábado, 13, na capital, ainda sem local definido. “A assembleia é soberana. Se houver proposta do governo, a categoria decide se aceita ou não. Se não houver qualquer sinal do governador, avaliamos os próximos passos da nossa greve”, ressaltou Hermes.

Deputados se reuniram ao final da sessão da Alep, nesta quarta, com representantes do Fórum dos Servidores e se comprometeram a levar ao governador o pedido para que formalize uma proposta às categorias.

Os dirigentes reafirmaram o pedido da reposição da inflação, a manutenção dos critérios de seleção de temporários e também que não haja desconto dos dias parados, o que pode prejudicar, principalmente, estudantes da rede pública estadual que tem direito a 200 dias letivos. “Temos toda a disposição de repor os dias parados após a greve, mas se houver desconto nos salários isso fica inviável”, finalizou Hermes.

Os servidores reivindicam reajuste de 4,94% relativo à inflação de abril de 2018 a maio de 2019. Na semana passada, o encaminhou à Assembleia projeto prevendo reajuste de 5,09% parcelado até 2022, com pagamento de 0,5% a partir de outubro deste ano; 1,5% a partir de março de 2020; 1,5% a partir de janeiro de 2021 e 1,5% a partir de janeiro de 2022. As duas últimas parcelas ficariam condicionadas ao crescimento da receita do Estado em relação ao ano anterior em 6,5% e 7%, respectivamente.

Em greve desde o último dia 25 e com os salários congelados desde 2016, os servidores rejeitaram a proposta e mantiveram a paralisação. O governo, então, apresentou outra proposta, prevendo o pagamento de 2% de reajuste em janeiro de 2020, e o restante parcelado até 2022, conforme o projeto original. O Fórum das Entidades Sindicais (FES/PR) manteve a posição de reivindicar a reposição imediata da inflação, mas admitiu a possibilidade de aceitar o pagamento parcelado, desde que o governo pague os 2% já em outubro.

Na terça-feira, após discurso do deputado Ricardo Arruda (PSL) afirmando que os servidores não teriam sofrido perdas salariais nos últimos anos, um grupo de manifestantes ocupou as galerias da Assembleia. Arruda também comparou os salários dos deputados ao dos servidores, alegando que os parlamentares estão há quatro anos sem reajuste. Ele deixou o plenário pouco antes da ocupação.