SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ao menos 384 pessoas foram mortas, muitas levadas por ondas gigantes, após um terremoto e um tsunami atingirem a ilha de Sulawesi, na Indonésia, anunciaram autoridades neste sábado (29). Outras 540 pessoas ficaram feridas e 29 estão desaparecidas.

Centenas de pessoas estavam reunidas para um festival na praia na cidade de Palu, na sexta, quando ondas de até seis metros de altura atingiram a costa no início da noite, destruindo tudo em seu caminho, depois de um terremoto de magnitude 7,5.

"Quando a ameaça [de tsunami] cresceu, as pessoas ainda estavam fazendo suas atividades na praia e não fugiram imediatamente", afirmou Sutopo Purwo Nugroho, porta-voz da agência de controle de desastres da Indonésia (BNPB), em Jacarta.

"O tsunami arrastou carros, árvores, casas, atingiu tudo em terra", afirmou Nugroho. Segundo ele, as ondas gigantes avançaram do mar aberta a uma velocidade de 800 km/h antes de atingir a costa.

Algumas pessoas subiram árvores de seis metros para tentar escapar e sobreviveram, disse Nugroho.

Imagens amadoras exibidas pelas TVs locais mostraram as ondas atingindo as casas ao longo da costa de Palu, espalhando contâineres de navios e alagando uma mesquita da cidade.

"Comecei a correr quando via as ondas que chegavam à costa", disse Rusidanto, morador de Palu, que como muitos indonésios tem apenas um nome.

Cerca de 16.700 pessoas foram levadas para 24 centros de acolhida ao redor de Palu.

Tremores secundários foram sentidos na cidade costeira até a tarde deste sábado, após o terremoto principal da sexta, que provocou o tsunami. Os tremores afetaram uma área com cerca de 2,4 milhões de habitantes.

Nugroho descreveu os danos como extensos e disse que milhares de casas, hospitais, shopping centers e hotéis foram destruídos. Uma ponte foi levada pelas águas e a principal avenida de Palu foi isolada após um deslizamento de terra.

Fotos confirmadas pelas autoridades mostravam corpos sendo enfileirados em uma rua no sábado, alguns em sacos apropriados e outros com os rostos cobertos com roupas.

Nugroho afirmou que o saldo e mortos pode ser ainda maior ao longo da costa de 300 km no norte de Palu, uma área chamada de Donggala, que fica mais próximo do epicentro do terremoto.

Segundo Nugroho, as autoridades não têm informações de Donggala devido a problemas com as comunicações. Mais de 600 mil pessoas vivem em Donggala e Palu.

"Agora começamos a receber informações limitadas sobre a destruição na cidade de Palu, mas não ouvimos nada de Donggala, e isso é extremamente preocupante", afirmou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha em uma nota. "Isso já é uma tragédia, mas pode ficar ainda muito pior."

O vice-presidente Jusuf Kalla disse que o saldo de mortos pode ficar na casa dos milhares.

"Acreditamos que dezenas ou centenas [de vítima] ainda não foram encontradas entre os escombros", disse Nugroho.

A agência de meteorologia da Indonésia (BMKG) emitiu um alerta de tsunami após o terremoto, mas o retirou 34 minutos depois. A agência está sendo amplamente criticada por não informar que um tsunami havia atingido Palu.

A BMKG afirmou ter seguido o procedimento padrão com base na informações disponíveis do sensor de maré mais próximo, a 200 km de Palu.

"Não temos informações de observação em Palu. Tivemos de usar os dados que tínhamos e tomar uma decisão com base nisso", afirmou Rahmat Triyono, chefe do centro de terremotos e tsunamis da BMKG.

Miliares começaram a enviar aviões de cargo com ajuda, disseram as autoridades.

O aeroporto da cidade foi reaberto mas apenas para esforços de resgate, devendo ficar fechado para voos comerciais até 4 de outubro. A pista e a torre de controle de tráfico aéreo foram danificadas pelo terremoto.

O presidente Joko Widodo deve visita um abrigo em Palu no domingo (30).

Em agosto, uma série de terremotos matou quase 500 pessoas na ilha turística de Lombok. Segundo a BNPB, Palu foi atingida por tsunamis nos anos de 1927 e 1968.