SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dois meses após um viaduto ceder e ser interditado na zona oeste de São Paulo, a prefeitura interrompeu nesta quarta-feira (23), por questão de segurança, o trânsito na ponte da pista expressa da marginal Tietê que dá acesso à rodovia Dutra.
A decisão foi tomada após a constatação de dano grave em uma das vigas que sustentam a estrutura. Não há nenhuma previsão de data para a liberação do tráfego no local.
O bloqueio foi feito a dois dias do feriado em comemoração do aniversário de 465 anos da cidade, quando é esperado um fluxo intenso de veículos na rodovia.
De acordo com pesquisa sobre mobilidade do Metrô, 36 mil veículos utilizam a via Dutra diariamente para acessar a Grande São Paulo.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) chegou ao local às 19h50, acompanhado dos secretários de Obras, Vitor Aly, e de Transportes, Edson Caram, além de auxiliares.
Segundo Covas, o dano, na primeira viga acima do rio, foi grave e “muito semelhante” ao que levou o viaduto da marginal Pinheiros a ceder em novembro do ano passado. A ponte, contudo, não cedeu. “Muito provavelmente teríamos aqui o que tivemos na marginal Pinheiros”, afirmou.
O dano foi detectado no início da manhã por técnicos. O prefeito afirmou que entrou em contato com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, já que a ponte é federal, e que aguarda um posicionamento de Brasília para dar início à recuperação.
Por volta das 20h, o trânsito na marginal Tietê no sentido Ayrton Senna apresentava 6,5 quilômetros de congestionamento na pista local. Na via central a lentidão atingia cerca de 4 quilômetros.
A interdição no viaduto na marginal Pinheiros, na altura do parque Villa-Lobos, que cedeu e criou um degrau de cerca de dois metros no final de novembro, vem gerando transtornos no trânsito de toda a região. As obras devem ser concluídas só em maio.
A ponte da marginal Tietê interditada nesta quarta-feira estava na primeira lista de estruturas viárias que precisavam passar por uma vistoria mais detalhada na capital.
A relação foi elaborada após a prefeitura pedir ao TCM (Tribunal de Contas do Município) autorização para contratar emergencialmente, e sem licitação, empresa para realizar vistoria estrutural em 34 pontes e viadutos da capital.
Após o viaduto na marginal Pinheiros ceder, a gestão Covas revelou em documento enviado ao TCM que não detinha informações sobre a real condição de uso das pontes e viadutos da cidade.
A grande maioria das estruturas nunca havia passado pela chamada vistoria detalhada, apenas a visual, em que técnicos fazem a avaliação de forma superficial.
A relação foi uma exigência do TCM para liberar a contratação emergencial de empresas, que vão apresentar em até quatro meses um laudo detalhado das estruturas viárias.
A alça de acesso da pista expressa da marginal Tietê para a Dutra foi uma das oito estruturas que passaram por essa vistoria superficial da prefeitura recentemente e foram avaliadas como problemáticas e, portanto, aptas a serem avaliadas de forma detalhada por uma empresa terceirizada.
Na semana passada, o prefeito afirmou que a administração iria concluir a vistoria superficial das 73 pontes e viadutos que constam no TAC (termo de ajustamento de conduta) da Promotoria.
Há mais de dez anos o Ministério Público cobra da prefeitura maior rigor na manutenção dessas construções.
Um TAC firmado em 2007, na gestão Gilberto Kassab (PSD), obrigou o município a criar um programa de manutenção para pontes, viadutos, galerias e túneis.
Como o TAC não foi cumprido, a prefeitura tenta, agora, reverter na Justiça a aplicação de multa de R$ 34 milhões.