Reprodução/SMCS

Um novo projeto desenvolvido no Worktiba Barigui, o coworking da Prefeitura, ganha destaque no setor inovação. Com a startup Santiago Tecnologia, o estudante de Medicina Lucas Santiago e o engenheiro mecânico Arturo Vaine estão criando uma prótese de mão para pacientes com agenesia (ausência) de membro superior.

A dupla está finalizando o novo modelo e pretende utilizar a impressão 3D, que transforma o desenho do computador em diversas camadas fundidas de filamento sintético, para produzir o protótipo da prótese, com futuro acionamento robotizado.

A ideia é popularizar as próteses ortopédicas de alta funcionalidade, com redução no custo de até 80% em relação aos produtos convencionais. Atualmente os modelos deste tipo de dispositivo são, em geral, importados, e podem facilmente custar mais de R$ 50 mil.

A iniciativa já recebeu o reconhecimento do Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável e conta com o apoio de Norton Mello, mestre em Engenharia Biomédica e proprietário da empresa Bioeng, referência em projetos de alta complexidade na área da saúde.

Com o apoio técnico do Instituto Municipal de Administração Pública (Imap), órgão gestor do Worktiba Barigui, a startup se conectou com a coordenadora dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Prefeitura, Denise Moraes, que sugeriu complementos e encaminhou os empreendedores para instituições que podem ajudar nos testes e na validação do projeto. Outra conexão foi feita com a Secretaria Municipal de Educação, que demonstrou interesse no projeto de impressão 3D.

O trabalho desenvolvido pela startup é complexo e envolve pesquisa e desenvolvimento, o que onera outras tecnologias já desenvolvidas e utilizadas. "Inúmeras iniciativas semelhantes já foram disseminadas devido à popularização de impressoras 3D nos últimos anos, mas a maioria foram projetos copiados dos Estados Unidos e da Europa", afirma Arturo.

O diferencial do projeto curitibano está no desenvolvimento de melhorias sugeridas por pacientes, na realização de testes padronizados em Centro de Reabilitação e na mentoria com profissionais da saúde. "A nossa principal dificuldade está no fato de que este tipo de trabalho requer esforço de uma equipe multidisciplinar, com conhecimentos que vão desde detalhes do processo de recuperação pós-operatório a questões técnicas da replicabilidade de peças ortopédicas. Neste sentido, tivemos um grande apoio a respeito de etapas de protetização da terapeuta ocupacional Márcia Helena da Silva ", explica Arturo.

Nas próximas semanas deverá ser impressa a primeira prótese completa de mão da startup em uma impressora 3D. O tempo da impressão estimado é de 16 horas, pois serão camadas milimétricas fundidas com calor, de acordo com o desenho detalhado no projeto.

Números

Estima-se que no Brasil ocorram, todo ano, mais de 50 mil cirurgias de amputação. Deste número, cerca de sete mil correspondem a procedimentos associados a membros superiores, segundo dados do SUS.

Mesmo neste cenário a aquisição de dispositivos que apresentem boa funcionalidade para as Atividades de Vida Diária (AVDs) ainda é pouco acessível. Embora este tipo de tecnologia possa ter grande impacto na vida de um paciente, dar seguimento ao processo de reabilitação é imprescindível para que a adesão à prótese tenha os melhores efeitos esperados e não ocorra abandono do dispositivo.