Ricardo Marajo/FAS – A geração de emprego em Curitiba cresceu

Ações desenvolvidas pela Prefeitura de Curitiba e o Vale do Pinhão, desde 2017, tornaram Curitiba um ambiente ainda mais favorável a investimentos de empresários e ajudaram a manter a trajetória de recuperação no mercado de trabalho. Caso o poder público não tivesse mobilizado projetos de parcerias e atrativos para a criação de empregos, a geração de vagas de trabalho seguiria a média nacional, segundo a presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento, Cris Alessi. Um dos mecanismos que ajuda a quantificar o impacto das ações é o crescimento na arrecadação do Imposto Sobre Serviço (ISS), que mostra evolução na economia curitibana e porcentuais semelhantes aos observados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) para o primeiro semestre deste ano, quando a capital teve um saldo de 15.632 novos empregos com carteira assinada. Curitiba foi a segunda cidade do País com maior saldo de emprego no período, atrás somente de São Paulo (50.251). O número da capital paranaense é o melhor dos últimos cinco anos.

“O que podemos perceber é que houve no primeiro trimestre um aumento de 20% na arrecadação de ISS, que vem com o aumento de incentivos para as empresas que a cidade vem fazendo, como a retomada do Tecnoparque. Também um porcentual significativo desses 20% é de empresas de tecnologia. E além disso, todo o incentivo de capacitações, que aumentou muito”, afirma Cris Alessi. Em sete meses, Curitiba já superou o total de empregos criados em todo ano passado, de 13.681 vagas, ou seja 38% do saldo de vagas no Paraná de janeiro a julho, de 40.537 vagas.

Somente nas startups, que aderiram ao novo Tecnoparque, foram gerados 500 empregos no primeiro trimestre: “Fazer parcerias da prefeitura com a indústria, como com os programas do Primeiro Emprego; a capacitação dos profissionais que estão fora do mercado de trabalho para novos mercados, com o programa Liceu de Ofício e Inovação; o incentivo às startups, a gente teve só esse ano dez startups novas no Tecnoparque que geraram sozinhas 500 empregos, como Madeira Madeira, Contabilizei, que são grandes startups que aderiram ao Tecnoparque”.

Capacitação prepara terreno para futuro pós-crise

Um dos parceiros da política pública de inovação e geração de empregos em Curitiba é a Agência de Inovação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O professor doutor Cleverson Renan da Cunha, coordenador de Empreendedorismo e Incubação da agência, afirma que a evolução dos projetos tem como pano de fundo o “ambiente de confiança”. “Não só incentivar as inovações, como dar suporte. Às vezes tem um grande número de empresas que tem diversas iniciativas, mas dois ou três meses depois vão por água abaixo. Outra frente tem sido a postura da prefeitura, que envolve a Câmara, o Conselho de Inovação, é aprovação da lei de incentivo, do Tecnoparque, que contribui muito. Tudo isso é um processo. Não vejo esses números (de geração de emprego) com uma relação direta, mas como movimento. Às vezes empresas de tecnologia têm menos empregos, mas maiores em impacto. Tem emprego de mais quantidade, mas de menos valor, mas outros de mais qualidade, com maiores salários”, pondera.

Cunha coordena o agente que busca transferir conhecimento da universidade pública para as iniciativas de inovação de Curitiba. “O nosso papel é contribuir para fazer do conhecimento gerado na universidade em solução, desenvolvimento tecnológico, que são as pesquisas aplicadas em parceria com a empresa, transferência de tecnologia e apoio ao surgimento de novos negócios de plataforma tecnológica. Um quarto pilar é plantar a semente para o futuro, que são as ações de capacitação. São as principais contribuições da universidade”, explica.

O professor destaca que a maioria dos frutos da parceria ainda estão em fase de desenvolvimento. “Temos em Curitiba uma comunidade muito grande de investidores, startups, jovens estimulados. Tem muita coisa no presente, mas muita coisa para acontecer no futuro ainda”, diz.

Na Superintendência de Trabalho da Prefeitura, Fabiano Vilaruel, diretor de Qualificação para o Trabalho da FAS Trabalho, destaca que empresas estão presentes nas políticas públicas de formação de profissionais. “É uma forma disruptiva no cotidiano da gestão municipal. A atuação da superintendência do Trabalho é que a gente investiu recurso público e mais que isso esforços na construção de uma rede de parceiros na construção de qualificação profissionais. O resultado é abertura de mais de 60 mil vagas em gratuidade. Devemos fechar o ano com 70 mil. A gente articulou com institutos, com Sistema S, tudo que é necessário. Conseguimos contatar as empresas mesmo antes da contratação. Empresas como a Eletrolux, todas as manhãs tira um profissional que vai a um Liceu do Ofício para qualificar um grupo. Temos empregabilidade 20% a 25% dos alunos. Mas o principal é preparação para outras empresas, até com aquelas clichês de mercado, como trabalhar em equipe, comportamento, liderança, que na verdade são necessários”, avalia.

Desburocratização garante velocidade maior no processo
Outra ação destacada pela prefeitura é a de desburocratização. Na pasta do Trabalho, Vilaruel destaca a redução no tempo para emissão de carteira de trabalho e agendamentos. “No máximo de três a cinco dias o candidato já tem a carteira de trabalho na mão, numa realidade que era de 15 dias. A gente também já jogou todos os agendamentos pela web, que faz a gente atender mais pessoas”, aponta.

A coordenação da ação está a cargo da Procuradoria Geral do Município (PGM). Fazem parte do grupo representantes do Instituto Municipal de Administração Pública e das secretarias de Governo Municipal, de Administração e Gestão de Pessoal e do Urbanismo. Segundo o texto, a medida considera o previsto em Lei Federal de 2018, que cria o Selo de Desburocratização e Simplificação. A distinção reconhece e estimula projetos, programas e práticas que simplificam o funcionamento da administração pública e melhoram o atendimento aos usuários de serviços públicos.

Investimentos

Curitiba para o mundo
Cris Alessi defende o investimento, com passagens, hospedagens e eventos, para colocar a cidade à mostra. “Nós passamos mais de 5 anos sem apresentar nada de novo de Curitiba para o Brasil e nem para o mundo. Em 2017, quando a gente entrou, Curitiba nem aparecia nos rankings de empreendedorismo e cidades inteligentes do Brasil. A partir do momento que você coloca, primeiro, um trabalho muito forte de capacitação, de incentivo ao ecossistema local, de incentivo fiscal para as empresas se instalarem aqui, e fazer com que as empresas que estão aqui tenham um melhor ambiente. Se a gente ficar dentro de Curitiba falando de Curitiba, a gente fica restrito à nossa geografia. Trazer eventos internacionais a Curitiba faz com que se gere milhões em lucro real e direto para a cidade, na rede hoteleira, na rede de turismo, além da geração de negócios”, justifica.