SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Frida Kahlo está diante de uma mesa cheia de comida, e esse cenário, lá para os lados de sua terra natal, o México, seria algo muito mais reconhecível, já que a morte será uma espécie de segunda presença ali.


A peça “Frida Kahlo: Viva la Vida”, de Humberto Robles, tem estrutura de monólogo, mas Frida dialogará com seus mortos, à maneira dos fartos rituais mexicanos realizados no Dia de Finados. A própria protagonista está já nos últimos anos de vida –ela morreu aos 47, em 1954.


Dirigida por Cacá Rosset, a atriz Christiane Tricerri é quem assume o papel. Ambos são integrantes do já velho grupo Teatro do Ornitorrinco, criado nos anos 1970. A peça está com sua estreia marcada para 20 de novembro, no Sesc Pinheiros.


O texto de Robles especifica que Frida está na cozinha da famosa Casa Azul, onde nasceu e morreu, hoje 


transformada em museu.


“Diego não é monogâmico nem nunca será, se bem que essa virtude não passa duma imbecilidade”, diz Frida em certo momento da peça, sobre seu marido, o artista Diego Rivera, com quem manteve uma relação conturbada e ao mesmo tempo libertária.


Rivera morreria três anos depois de Frida, em 1957. “Mas, de certa forma, para ela, Diego era um morto-vivo, já que nunca estava junto. Um fantasma”, diz Tricerri, também em referência à cena em que o artista é representado apenas por vestimentas.


Rosset diz que vai investir em uma caracterização da artista que, conforme a peça progride, espelhará a Frida pop e alegórica, retratada por ela em quadros e hoje convertida em motivo de almofadas vendidas nos shoppings.