Divulgação/MPF

As reservas indígenas brasileiras ocupam 13,8% do território nacional, segundo informações que constam no site da Fundação Nacional do Índio (Funai). Em todo o país, são 1.170.579,17 quilômetros quadrados distribuídos em 566 terras indígenas reconhecidas. Além disso, há 115 terras em estudo, onde ainda estão sendo realizados estudos antropológicos, históricos, fundiários, cartográficos e ambientais para fundamentar a identificação e delimitação da terra indígena.

Em todo o Brasil, os únicos estados que não possuem áreas indígenas demarcadas são o Rio Grande do Norte e o Piauí. Já o Paraná conta com 24 territórios que ocupam uma área de 1.253 quilômetros quadrados, o equivalente a 0,63% da área total do estado. Há ainda três áreas em estudo, nos municípios de Londrina, Piraquara e União da Vitória.

A atual população indígena brasileira, segundo dados do Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010, é de 896.917 pessoas (0,47% da população brasileira), a maioria (57,7%) vivendo em terras indígenas. Este Censo ainda revelou que todos os estados da federação, inclusive o Distrito Federal, possuem populações indígenas. No Paraná, são 26.559 indígenas (o equivalente a 0,25% da população), mas apenas 11.934 (44,9% do total) vivem nas aldeias oficialmenre reconhecidas.

Três etnias marcam presença
De acordo com o Museu Paranaense e a Funai, três das mais de 200 etnias indígenas presentes no Brasil estão no Paraná: Guarani, Kaingang e Xetá. A economia dessas comunidades baseia-se na produção de roças de subsistência, pomares, criação de galinhas e porcos. Além disso, a produção e venda de artesanatos como cestos, balaios, arcos e flechas ajuda a complementar a renda familiar.

A presença mais forte no estado, considerando-se as áreas de reservas já demarcadas, é da etnia Guarani, grupo do tronco linguístico Tupi-Guarani, presente em 16 das 24 terras indígenas. Os Kaingang, pertencentes a família linguística Jê, aparecem logo em seguida, com presença em 14 áreas. Por último vem os Xetá, também pertencentes ao tronco linguístico Tupi-Guarani, presentes em três áreas (importante destacar que há áreas com a presença de mais de uma etnia).

A influência desses grupos para o Paraná, inclusive, é grande. Na culinária, por exemplo, além do consumo da erva-mate fria ou quente, há o costume de preparar alimentos com mandioca, milho e pinhão, como o mingau, a pamonha e a paçoca. No vocabulário, nomes como guabiroba, maracujá, butiá, capivara e jabuti são de origem Guarani, bem como o nome da cidade de Curitiba (kur yt yba quer dizer “grande quantidade de pinheiros, pinheiral”, na linguagem dos índios). De origem Kaingang temos os nomes de outros municípios como: Goioerê, Candói, Xambrê e Verê.

No oeste, indígenas e ruralistas brigam por terra
Atualmente, a maior área indígena existente no Paraná fica no município de Guairaçá, na região noroeste do estado. É a Tekoha Guasú Guavirá, ocupada por índios Guarani Nhandeva numa área de 240,28 quilômetros quadrados. Em breve, porém, uma nova área, chamada Tekohá Guasu Guavirá, pode ser instituída nos municípios de Altônia, Guaíra e Terra Roxa, no oeste do estado, superando o ‘recorde’ atual.

Localizado numa área com pouco mais de 240 quilômetros quadrados, o local seria uma ocupação tradicional do povo Avá-Guarani e, segundo pesquisadores, o vínculo dos indígenas com o local é indissolúvel e abrange 14 aldeias.

Essa demarcação, contudo, tem sido motivo de polêmica. Isso porque mais de 100 famílias de agricultores correm o risco de perder áreas de produção na região por conta da demarcação, que foi suspensa no ano passado pelo Tribunal Regional da 4ª Região (TRF4).