
Tem lixo que não é lixo. E isso não é só o mote de uma campanha da Prefeitura de Curitiba, mas um fato. E a prova encontramos na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), onde a Associação de Catadores da Vila Corbélia mantém o Museu do Lixo, criado há cinco anos e cujo acervo consiste, basicamente, em tesouros descobertos nos caminhões de lixo e de recicláveis. Ou seja: tem lixo que não é lixo, mas peça digna de um museu.
Segundo Dirceu da Silva, presidente da Associação, o Museu do Lixo foi inaugurado em abril de 2014, após sua montagem ter sido iniciada quase um semestre antes, em agosto de 2013. A ideia inicial, conta ele, não era nem montar um museu, mas simplesmente guardar para si próprio as relíquias que encontrava durante as andanças no dia a dia de trabalho.
“Começamos a juntar peça antiga e não era nem para criar o espaço, minha ideia era juntar para levar embora. Mas vi que era muita coisa e então começamos a montar no barracão. Como começou a juntar muita coisa, pegamos um cantinho na própria Associação e montamos o museu. Agora queremos montar do lado de fora, estamos tentando com a Prefeitura uns contêineres para ter mais acesso para as crianças, para a população”, conta Dirceu.
Há sete anos atuando como reciclador, Dirceu conta com a ajuda de outros 24 catadores para montar e manter o acervo do museu. A equipe, conta ele, já foi maior e chegou a contar com 45 pessoas.
Ainda assim, foi possível montar um acervo riquíssimo para o Museu. Recentemente, por exemplo, a Associação cedeu à Prefeitura de Curitiba uma pequena Bíblia escrita em alemão, com capa em madrepérola publicada no século XIX. A peça chamou a atenção do prefeito Rafael Greca, que foi pessoalmente até o local pedir para que a peça fosse restaurada e levada para o Museu de Arte Sacra na Igreja da Ordem.
Para os visitantes, contudo, o que mais chama a atenção são os telefones antigos, as máquinas de escrever e ferro de passar roupa (daqueles em que se coloca brasa para funcionar), entre outros.
Valor das coisas
Dirceu da Silva comenta ainda que a maioria dos itens que compõem o acervo do museu costumam ser encontrados porque as pessoas não costumam saber o valor daquilo que quem se vai deixa guardado.
“Geralmente tem alguém que guarda essas coisas, uma pessoa mais velha, mas quando ela morre, os mais novos jogam tudo fora. E aí vamos guardando para contar a historia, porque vai passando o tempo e daqui a pouco ninguém sabe mais o que era aquilo”, explica.
Visitas
Para agendar uma visita ao Museu do Lixo, é só entrar em contato com o Dirceu e agendar uma data. O telefone dele é (41) 99639-4792. A Associação de Catadores de Materiais Recicláveis da Vila Corbélia (e o Museu do Lixo) ficam na Rua Victor Grycajuk, 119 – Cidade Industrial de Curitiba (CIC).