A terceira quinta-feira do mês de novembro é sempre esperada com bastante ansiedade, sobretudo por muitos americanos, que nessa data comemoram o famoso Thanksgiving Day, ou seja, o Dia de Ação de Graças. Entretanto, há controvérsias relacionadas à felicidade por eles demonstrada: por um lado, acredita-se que a comemoração simbolize a profícua união entre imigrantes britânicos e seus vizinhos, americanos nativos, até então considerados “inimigos” uns pelos outros; por outro lado, historiadores argumentam que a paz entre peregrinos e nativos americanos teve curta duração, provavelmente poucos meses, pois logo ocorreram batalhas sangrentas entre ambos, que ocasionaram a devastação da população indígena envolvida, e deixaram para trás trilhas de tristeza e dor. Há até aqueles que chegam ao extremo e defendem o cancelamento do feriado, como um protesto contra o racismo e a opressão que continuam a existir nos Estados Unidos da América.

Respeitadas as divergentes opiniões acerca do assunto, na atualidade, a quinta-feira em que se comemora o Thanksgiving Day tornou-se também uma data de caráter comercial, por ser comumente associada ao dia seguinte, Black Friday. Vejamos o motivo: como se trata de um feriado prolongado, (quinta, sexta, sábado e domingo) durante o qual os americanos têm tempo para viajar, visitar seus familiares e dialogar sobre o próximo grande feriado, que é o Natal, é também o momento propício tanto para planejar as esperadas férias quanto para iniciar as compras natalinas.

O comércio, então, beneficiando-se de tudo isso, criou a chamada Black Friday, oferecendo grandes descontos, mas também visando a grandes lucros. É importante observar que o termo Black Friday foi criado pelos comerciantes com o objetivo de vender, mesmo que a preço de banana, tudo aquilo que ficou “encalhado” durante o ano, de modo a dar espaço a um estoque novo, formado por produtos provavelmente mais caros, a serem adquiridos, em um futuro próximo, pelo Papai Noel.

O resultado de tudo isso é que a Black Friday se incorporou a outros países, inclusive ao Brasil. Contudo, talvez pelo fato de não ter havido jantar entre peregrinos e nativos, a ideia de Thanksgiving, sangrenta ou não, é totalmente ignorada pela maioria dos brasileiros, cuja preocupação se volta apenas para o consumismo exacerbado, estimulado pela mídia nessa data.

(*) Thereza Cristina de Souza Lima, diretora da Escola de Línguas e Coordenadora de Pós-Graduação na Área de Metodologia do Ensino de Língua Inglesa na Uninter