Franklin de Freitas – Festa na Arena da Baixada

O título da Copa do Brasil de 2019, conquistado pelo Athletico Paranaense na última quarta-feira (dia 18), consagra e consolida sete pilares defendidos por Mario Celso Petraglia. Desde 1995, quando passou a comandar o clube, o dirigente reformou todos os setores do Furacão e implantou uma nova filosofia de gestão. Veja os pontos principais:

1 CATEGORIAS DE BASE
Desde 1995, Petraglia investiu pesado nas categorias de base. A ideia era revelar no CT do Caju ou com parcerias com outros formadores (como PSTC ou Andraus). Os melhores são vendidos para o futebol europeu e ajudam no crescimento do clube. Os demais servem para formar a base do elenco para as competições. E aqueles que ainda estão em formação acabam como ‘moeda de troca’, emprestados para outros clubes de divisões inferiores, facilitando parcerias e outras negociações.

A venda de revelações da base permitiu o rápido crescimento do Athletico de 1995 até 2019. E os pratas-da-casa foram decisivos nas principais campanhas: Igor e Kleberson (Brasileirão 2001), Dagoberto, Jadson, Fernandinho e Alan Bahia (vice Brasileirão 2004), Evandro (vice Libertadores 2005), Manoel, Deivid, Marcelo Cirino e Ederson (vice Copa do Brasil 2013), Santos, Pablo, Renan Lodi, Léo Pereira e Bruno Guimarães (Sul-Americana 2018) e Khellven (Copa do Brasil 2019).

2 ESTÁDIO
Estádio moderno, confortável e rentável. Essa sempre foi uma prioridade para Petraglia. Desde a construção da primeira Arena, inaugurada em 1999, a ideia era ter uma arquitetura no estilo ‘caldeirão’, com a torcida bem próxima do gramado. Com o novo estádio, o fator campo passou a pesar forte a favor do Athletico, muito antes da grama sintética – veja aqui os números.

3 TECNOLOGIA E CENTRO DE TREINAMENTO
A construção do CT do Caju foi o passo inicial para colocar os times do Athletico na vanguarda da preparação física, técnica e tática. Em seguida, vieram os investimentos constantes em tecnologia e na capacitação dos profissionais. O clube virou referência mundial, passando a ser sede da seleção brasileira e espanhola em preparações para Copa do Mundo. Petraglia também transformou o local em fonte de receita para o clube, alugando o espaço para equipes de outros países.

4 GESTÃO FINANCEIRA
Atrasar salários e não cumprir compromissos financeiros é uma constante no futebol brasileiro. No entanto, esses problemas passam longe do Athletico desde 1995. Pagar em dia sempre foi um dogma de Petraglia. Já que nunca foi possível competir com os altos salários pagos por clubes da Europa, do Rio e de São Paulo, o clube paranaense compete no mercado com a garantia que vai pagar em dia.

5 TÉCNICOS INOVADORES
Em várias entrevistas, Petraglia sempre reclamou da ‘mesmice’ dos treinadores brasileiros. O dirigente tenta inovar na formação da comissão técnica desde 1995. Várias tentativas foram frustradas e provocaram a ira da torcida. No entanto, os principais títulos do Furacão vieram com técnicos inovadores. Em 2001, Mario Sergio começou a construção do elenco com metodologias inovadoras na preparação física e com um sistema de marcação arrojado para os padrões da época. Geninho assumiu em seguida e ousou na parte ofensiva, com movimentos de ataque pouco comuns naquela era do futebol. Em 2018 e 2019, Tiago Nunes mostra que é o melhor treinador brasileiro da nova geração, com um estilo de jogo que mescla as melhores armas do futebol reativo e do propositivo.

6 MARCA INTERNACIONAL
Transformar o Athletico em uma marca internacional é um dos projetos mais ousados de Petraglia. Esse é um projeto de longo prazo, que avança em várias frentes, com parcerias com clubes e seleções estrangeiras, participação em competições internacionais (oficiais e amistosas), chamando a atenção com estádio moderno (teto retrátil e Copa do Mundo), inovações em marketing (mudança no escudo, uniforme e até no nome do clube) e contratações de estrangeiros (desde o espanhol Mérida até o árabe Al Kamali). Com o fortalecimento da marca, a ideia do Athletico é buscar melhores negociações de jogadores no mercado (compras e vendas), aumentar as receitas com patrocínios e aproximar a torcida (orgulho de ser conhecido mundialmente).

7 PORTA PARA AS GRANDES LIGAS
Uma das metas do Athletico desde 1995 é vender jogadores para as grandes ligas da Europa: Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália e França. O primeiro objetivo é, obviamente, conseguir melhores valores. O segundo é ganhar mais destaque internacional (valorização da marca). Um exemplo é a venda de Kleberson para o Manchester United, que colocou o nome do Athletico Paranaense em evidência em todo planeta. Outro efeito é facilitar a contratação de bons reforços. Se os jogadores enxergarem o Athletico como um ‘trampolim’ para o futebol europeu, o clube ganha maior poder de fogo no mercado da bola.