Desde janeiro de 2017, quase 500 pessoas com diferentes tipos de deficiências conseguiram emprego ao se cadastrar nas agências do Sistema Nacional de Emprego (Sine) das Ruas da Cidadania. A informação faz parte dos relatórios de acompanhamento da Diretoria de Relações para o Trabalho da Fundação de Ação Social – FAS Trabalho, que busca aumentar a participação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. 

Entre os novos empregados estão o carregador Francelon Borges Marafino e o operador de call center Rubenilton Santos dos Anjos. Ambos são atendidos pela lei que há 27 anos determina que empresas a partir de 100 funcionários preencham de 2% a 5% das vagas com essa força de trabalho. Quanto mais funcionários elas tiverem, maior o número de vagas reservadas para as pessoas com deficiência.

Retorno rápido

O baiano Rubenilton Santos dos Anjos, de 27 anos, começou a trabalhar como assistente de logística na empresa de venda virtual de móveis Madeira e Madeira, no dia 20 de agosto. Ele conta que conseguiu o emprego menos de um mês depois de ter iniciado a busca no Sine. É o seu primeiro emprego em Curitiba, onde chegou em dezembro.

Com o primeiro salário, pagou a matrícula da faculdade de Administração, que vai cursar com bolsa de estudos. “O objetivo inicial era arrumar um trabalho e voltar a estudar. Agora, quero encontrar uma casa e fazer pós-graduação”, revela o rapaz, que por ora pernoita em um abrigo da Prefeitura no Centro e passa os fins de semana no Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro Pop) Plínio Tourinho, no Rebouças. Todas as unidades fazem parte da rede da Fundação de Ação Social (FAS).

Santos entrou para o grupo das pessoas com deficiência aos 19 anos, quando sofreu um acidente de moto e machucou a coxa e o quadril esquerdos. Por conta disso, não pode levantar peso, correr, fazer marchas longas e a força da sua perna esquerda é reduzida. Nem por isso quis se aposentar. “É muito melhor ter um motivo para acordar. A aposentadoria até seria maior que o que eu recebo, mas não teria um futuro e passaria os meus dias sem fazer nada. No serviço o pessoal é muito receptivo. É bom trabalhar lá”, argumenta.

Valeu esperar

Morador do Sítio Cercado, Marafino tem 25 anos e convive com uma doença neurológica. Ele ficou um ano desempregado, até que apareceu uma oportunidade para trabalhar na entrega da Coca-Cola. A vaga surgiu depois que ele se cadastrou na agência do Sine da Rua da Cidadania da região onde mora.

“Quando a pessoa quer e precisa de serviço, ela corre atrás, igual eu fiz. Demorou, mas estou trabalhando”, conta Marafino. O rapaz se orgulha do emprego e gosta da convivência com os colegas. “Estar trabalhando é 'outro nível'”, diz.

Semana da Empregabilidade

Além da rotina nas agências do Sine, os trabalhadores com deficiências são estimulados a entrar no mercado de trabalho por meio da Semana Empregabilidade. Realizada na última semana de setembro, este ano a ação ofereceu cerca de 800 vagas exclusivas para esse público.

Além disso, no último dia do evento, o Dia D da Empregabilidade, 218 candidatos se apresentaram às empresas participantes e 201 foram encaminhados para entrevistas. O resultado sobre as contratações será informado à FAS pelas empresas dentro de 30 dias.