Valdecir Galor/SMCS – Reuiniu00e3o da Cu00e2mara Tu00e9cnica na

Equipes da Educação e Saúde que atuam no atendimento de estudantes com deficiência intelectual, associada ou não a outras deficiências, estão realizando pela primeira vez um trabalho conjunto para construção de um Plano Integrado de Cuidados (PIC), o que deve melhorar a qualidade das ações realizadas.

Participam da iniciativa as escolas Helena Wladimirna Antipoff (Boqueirão), Ali Bark (Seminário) e Tomaz Edison de Andrade Vieira (Pinheirinho), cujos ambulatórios estão passando por uma reformulação.

O PIC está sendo elaborado por uma Câmara Técnica, formada pelas diretoras, pedagogas e professoras das escolas, equipe do Departamento de Inclusão e Atendimento Educacional Especializado (DIAEE), da Secretaria Municipal da Educação, equipe do Departamento de Atenção à Saúde (DAS) daSecretaria Municipal da Saúde, psicólogas, fonoaudiólogas, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e demais profissionais da saúde envolvidos nos atendimentos realizados nos ambulatórios.

“Esse plano é o resultado do trabalho intersetorial solicitado pelo prefeito Rafael Greca às secretarias da Educação e Saúde, que são áreas com muitas afinidades”, diz a superintendente de Gestão Educacional, Elisângela Mantagute. “Quem ganha com esse trabalho é a população.”

Estrutura
A rede municipal de ensino de Curitiba tem três Escolas Municipais de Educação Básica na Modalidade Educação Especial, onde são atendidos 802 estudantes, de 0 a 24 anos, com deficiência intelectual associada ou não a outras deficiências. Para cada estudante há um plano específico de trabalho, baseado nas singularidades individuais.

Nas escolas Helena Wladimirna Antipoff, Ali Bark e Tomaz Edison de Andrade Vieira o atendimento acontece nas modalidades da Educação Infantil e Ensino Fundamental, além dos programas da Estimulação Essencial e Programa de Educação para o Trabalho e Convivência Social.

Ambulatórios
Nas salas de aula, os estudantes participam de atividades pedagógicas e nos ambulatórios recebem atendimentos clínicos e terapêuticos, quando necessário. Em média, são realizados, mensalmente, 210 atendimentos ambulatoriais nas escolas.

A diretora do departamento de Inclusão e Atendimento Educacional Especializado da Secretaria Municipal da Educação, Gislaine Coimbra Budel, explica que a reformulação foi definida a partir de diagnóstico realizado no ano passado pelas duas equipes interessadas em ampliar e potencializar os atendimentos realizados.  

“Percebemos a necessidade de reestruturar o sistema de trabalho e implantar uma metodologia integrada das equipes responsáveis por atender às necessidades educacionais, sociais e de saúde que implicam no desenvolvimento integral destes estudantes”, diz Gislaine. 

O primeiro passo foi dado em novembro de 2017, com a criação de uma Câmara Técnica multidisciplinar para discussão e elaboração da nova metodologia que além das equipes, integra as famílias e a comunidade.

“Buscamos a funcionalidade desses estudantes para que eles adquiram autonomia para as atividades cotidianas, razão pela qual todos os profissionais envolvidos precisam articular suas ações”, diz o fisioterapeuta do departamento de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, Joari Stahlschmid.

Documento único 
Segundo Stahlschmid, o PIC é composto por ações amplas e diversificadas, porém sempre centrado no estudante, nas suas necessidades educacionais e de saúde. O modelo será descrito dentro de um documento único, compartilhado entre Educação e Saúde, com registros atualizados para ser colocado em prática nas três escolas especiais da rede.

As mudanças estão sendo incorporadas aos poucos, após cada rodada de discussão, realizada semanalmente, mas, algumas famílias já relatam sentir positivamente as mudanças. A dona de casa Silvane Novack, mãe do Rafael Novack Ferreira dos Santos, de 7 anos, do 1º ano da Escola Especial Tomaz Edison de Andrade, está satisfeita.

Rafael tem autismo e comprometimento intelectual. Desde os 5 anos é atendido na escola. Atualmente, o menino é acompanhado por uma psicóloga e uma terapeuta ocupacional no ambulatório, mas já passou também pelos cuidados de uma fonoaudióloga e de uma fisioterapeuta, ambos com altas recentes. “Ele tem feito avanços importantes, como formulação de pequenas frases. Agora nos conta sobre as brincadeiras que acontecem na sala de aula e isso nos enche de emoção e orgulho”, diz Silvane.

Trabalho contínuo
A Câmara Técnica encarregada de elaborar o PIC tem reuniões semanais, organizadas como espaço para elaboração e reavaliação dos planos, reflexão, discussão, compartilhamento de saberes, divisão de tarefas e responsabilidades do grupo.

“Há muito tempo planejávamos uma ação integrada como esta entre profissionais da educação e saúde. Agora finalmente vislumbramos um trabalho coeso e coerente com o que nossas crianças e estudantes precisam”, afirma Budel.