Valquir Aureliano – Calouros de Medicina da UFPR em trote solidário com crianças internadas no ambulatório do HC

Durante toda esta semana, os recém-aprovados do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) realizam atividades com as crianças atendidas no Ambulatório Menino Jesus de Praga (CHC –UFPR e APACN), que atua na área de hematoncologia. A ação faz parte do trote solidário que marca a recepção aos calouros. Neste ano são cerca de 80 calouros participando do trote.

Divididos em grupos de 10 a 15 estudantes por dia, os futuros médicos interagem com os pequenos pacientes com jogos e brincadeiras. “Permitir que os alunos tenham esse contato com o paciente antes de começar as aulas é uma forma de mostrar a eles que são bem-vindos e importantes. Assim, já começamos a formar médicos melhores”, conta Lucas Eduardo de Matos, aluno do 7º período de Medicina e um dos idealizadores da ação.

Em seu terceiro ano de realização, a iniciativa também tem o objetivo de desmistificar o famoso trote sujo que coloca o calouro em um ambiente de hierarquia que acaba se estendendo por toda a formação acadêmica.
O calouro Gustavo Nishimoto, de 18 anos, já tem experiência com trabalho voluntário e ficou animado ao saber que poderia continuar com essa atividade na graduação. “No ensino médio eu participava de um programa que desenvolvia ações de recreação em creches e lares de idosos. É excelente ter a oportunidade de continuar esse trabalho logo ao entrar na faculdade”.

Como tradição nos trotes solidários realizados pelo grupo, ao final da manhã as crianças se divertem pintando os rostos dos calouros.
“Para as crianças é muito bom, pois mostra que o médico não é só aquele que aplica injeção e trata a doença”, relata Matos é coordenador do MEDinfância, projeto de recreação hospitalar que acontece no ambulatório e nas brinquedotecas do Hospital de Clínicas (HC).

Outros casos
Os trotes com cunho solidário vêm ganhando espaço em Curitiba nos últimos anos. Além do apoio das instituições que realizam campanhas para coibir os trotes violentos ou humilhantes, muitos cursos também optam por recepcionar os calouros de uma forma diferente e produtiva.
Doar sangue para o Hemepar é uma das atividades mais recorrentes. Também há casos de calouros levados para atividades em escolas, como pintura de muros, plantio de árvores, entre outras ações que contribuem para a sociedade.


Campanha de ressignificação do acolhimento aos calouros
Quando verificado o significado da palavra trote, o próprio dicionário indica “atitude, manifestação ou tentativa de ridicularização”, entre outros apontamentos. Mas a Universidade Federal do Paraná (UFPR) reforça a importância de ressignificar a cultura de acolhimento de calouros por meio da campanha “Trote sem violência”. O intuito é inibir atitudes violentas, ofensivas e discriminatórias durante a recepção aos novos alunos da instituição. “O preconceito fica de fora. A diversidade e o respeito são bem-vindos” é a mensagem deste ano.
A pró-reitora de Assuntos Estudantis da UFPR, Maria Rita de Assis César, enfatiza que a universidade é inclusiva e, por isso, o trote precisa ser ressignificado. “O trote [no Brasil] nasce e traz a ideia da violência para pertencimento a um determinado grupo com exclusividade. Mas o estudante já pertence à universidade e a recepção deve ser sem constrangimentos, violência e preconceito”, diz.