NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – O presidente americano, Donald Trump, aproveitou um comício no Texas ao lado de um ex-adversário político na noite de segunda (22) para subir o tom contra a caravana de migrantes da América Central que se aproxima da fronteira dos EUA.

Ao lado do senador Ted Cruz, rival nas primárias republicanas nas eleições presidenciais de 2016, Trump advertiu os eleitores sobre “elementos criminosos” que estariam infiltrados na caravana.

“É um ataque ao nosso país e nessa caravana há pessoas muito ruins e nós não podemos deixar isso acontecer ao nosso país”, afirmou Trump, em Houston. Ele sugeriu que os rivais políticos estariam instigando a caravana. “Eu acho que os democratas têm algo a ver com isso.”

Trump voltou a responsabilizar os democratas pelas políticas migratórias americanas, que ele considera fracassadas, e reiteradamente associou membros do partido rival a crimes cometidos por imigrantes ilegais.

Trump disse ainda que os democratas querem “dar aos estrangeiros assistência social gratuita e direito a voto” e também desejam “abrir fronteiras”. Para mudar as leis de imigração, argumentou, é preciso assegurar maioria republicana na Câmara dos Deputados e no Senado, em jogo nas eleições legislativas.

“Nós não temos votos suficientes. Por exemplo, no Senado precisamos de 60 votos. Temos 51. Precisamos de 60 votos. Então eles não permitem que façamos isso [mudar as leis]. Eles estão matando e ferindo americanos inocentes”, disse o presidente.

A escalada no ataque aos democratas ocorre a 14 dias das eleições legislativas. Com a ofensiva, o presidente tenta evitar que os republicanos percam a atual maioria que detêm na Câmara e no Senado “”os democratas acreditam em uma “onda azul”.

Os dois partidos têm se apegado ao tema imigração na tentativa de converter votos de eleitores. No lado democrata, o foco é nas controversas medidas adotadas pela administração do republicano, como a separação de famílias na fronteira.

Do lado “vermelho”, a tentativa é de responsabilizar rivais por leis imigratórias consideradas frágeis e que permitem a entrada de criminosos, segundo a retórica republicana.

No comício, Trump se declarou “nacionalista”. “Um globalista é uma pessoa que quer que o mundo vá bem, francamente sem se importar tanto com seu país. Sabe, não podemos fazer isso”, disse o republicano, aplaudido pelos presentes. “Vocês sabem o que eu sou, sou um nacionalista. Usem essa palavra.”

Foi a primeira vez que Trump se associou diretamente à ideologia política, que por muito tempo definiu as medidas adotadas por seu governo e ações protecionistas no comércio, enquanto ele busca impulsionar a produtividade doméstica.

O presidente também procurou aparar as arestas com Cruz, que disputa uma eleição acirrada no Texas, estado com histórica inclinação republicana. O adversário pela vaga no Senado é o atual democrata Beto O’Rourke, atualmente deputado.

Na campanha de 2016, ele chamou o então adversário de “Ted mentiroso”. Nesta segunda, antes do comício, o apelido mudou para “Ted bonito”.