Agência Brasil

Em tempos de crise e de opções de streaming em alta, cada vez mais paranaenses abrem mão da TV por assinatura. Segundo dados disponibilizados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), compilados pelo ‘Bem Paraná’, a última vez que o número de contratos de TV a cabo no Estado cresceu foi em julho do ano passado. De lá para cá, os números só caem. Em um ano, de julho de 2018 a julho de 2019 (último mês com dados disponíveis), a queda no Paraná foi de 8,92%, correspondente a 74.027 contratos perdidos — um saldo entre novas adesões ao serviço e desistências no período. Esse número corresponde a 202 clientes “perdidos” a cada dia, ou oito a cada hora.

No Paraná, o número máximo de assinantes foi registrado em julho de 2015, quando havia 991.288 contratos. Desde então, em quatro anos, foram apenas quatro meses com alta em relação ao mês anterior.

A jornalista Giselle Camargo, 35 anos, foi uma das paranaenses que deixou de assinar TV a cabo e, inclusive, antecipou a tendência. “Há dois anos, decidimos comprar uma TV mais moderna para usar os streamings e ficamos só com a internet. Com o dinheiro do pacote antigo pagamos as parcelas da nova TV e hoje usamos Netflix e You Tube”, conta Gisele. “A gente nunca usava aquele monte de canal e saía muito caro. Hoje, há muitas opções, até mesmo programas jornalísticos que podem ser vistos pela internet”. A opção pelos streamings atende bem a demanda da família até mesmo nas opções para crianças. “A economia é imediata. É uma mudança de comportamento”.

Para a Associação Brasileira de TVs por Assinatura (ABT), no entanto, a culpa pela ´fuga´ das TVs a cabo não é dos streamings, mas da crise que atinge o País, dos impostos e da pirataria. “O setor de TV por assinatura, assim como outros, está sendo duramente atingido pela maior crise econômica da história do Brasil. Desde 2014, esta indústria já perdeu 3 milhões de assinantes, principalmente entre os consumidores de baixa renda, mais afetados pelo desemprego.

Revolução que começou com Netlix não para. Vem aí Disney +

A revolução do streaming que começou com Netflix, que oferece pacote básico por R$ 21, 90, e a HBO Go, que cobra R$ 34,90, não para. São cada vez mais opções para os consumidores. A Amazon começou a oferecer na semana passada  no Brasil um de seus serviços mais populares no exterior: o Amazon Prime.  O valor da assinatura surpreende: por apenas R$ 9,90 mensais ou R$ 89 anuais (que oferece desconto de 25% no preço total), o Amazon Prime permite que os usuários tenham frete grátis ilimitado e ofertas exclusivas além de assinaturas da Amazon inclusas como o Prime Video, Prime Music, Prime Reading e o Twitch Prime. E virão mais serviços ainda num caminho que parece sem volta: logo mais chegarão no Brasil o Hulu (plataforma responsável pela produção de The Handmaid’s Tale – O Conto da Aia, o HBO Max e o mais esperado deles, a Disney+, com originais da Pixar, Marvel, Star Wars e National Geographic.

Associação alega concorrência desleal de novas plataformas
Em nota, a Associação Brasileira de TVs por Assinatura (ABT), critica a concorrência desleal com os serviços de streamings: O setor de TV por assinatura ainda enfrenta uma concorrência assimétrica de novas plataformas de distribuição de vídeos online, que não pagam o mesmo volume de impostos e não estão sujeitas às mesmas exigências regulatórias.” A associção também lembra que além dos efeitos da profunda recessão, 15 estados e o Distrito Federal decidiram a elevar a alíquota do ICMS para as TV por assinatura, dificultando ainda mais o acesso a este serviço a milhares de consumidores. “Além disso, a pirataria vem crescendo assustadoramente e já chega a 4,5 milhões de lares acessando canais de TV por assinatura de forma clandestina no Brasil. Isso provoca um prejuízo de R$ 9 bilhões por ano às empresas do setor e aos governos, que deixam de arrecadar cerca de R$ 1 bilhão por ano em impostos”.

A evolução da crise das TVs por assinatura

Mês

Assinantes
no Paraná

Assinantes
no Paraná no mês anterior

Variação em relação ao mês anterior

% em relação ao mês anterior

junho/18

828.601

827.728

873

0,105%

julho/18

829.644

828.601

1.043

0,126%

agosto/18

827.168

829.644

-2.476

-0,299%

setembro/18

825.595

827.168

-1.573

-0,191%

outubro/18

821.196

825.595

-4.399

-0,536%

novembro/18

815.018

821.196

-6.178

-0,758%

dezembro/18

809.978

815.018

-5.040

-0,622%

janeiro/19

802.236

809.978

-7.742

-0,965%

fevereiro/19

795.639

802.236

-6.597

-0,829%

março/19

786.561

795.639

-9.078

-1,154%

abril/19

779.608

786.561

-6.953

-0,892%

maio/19

772.854

779.608

-6.754

-0,874%

junho/19

764.410

772.854

-8.444

-1,105%

julho/19

755.617

764.410

-8.793

-1,164%