Levy Ferreira/SMCS

Dados apurados junto ao Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran) apontam que Curitiba teve 298 acidentes de trânsito envolvendo motoristas bêbados no primeiro semestre de 2019. Nos casos registrados nesses acidentes 76 pessoas ficaram feridas e duas morreram. No período, a PM afirma que notificou 1.149 pessoas por beber e dirigir.

As notificações são resultado de 10.095 testes de etilômetro (bafômetro) efetuados de janeiro a junho. Ou seja, no período, 11,3% dos testes realizados deram positivo para o consumo de álcool entre motoristas em Curitiba. A média dos seis primeiros meses deste ano, contudo, é menor do que a média de todo o ano de 2018.

De janeiro a dezembro do ano passado, foram realizados pela PM 20.853 testes de bafômetro em motoristas. Desses testes, 3.154 pessoas (15,1%) foram notificadas por embriaguez ao volante. Em 2018, segundo o BPTran, Curitiba teve registro de 610 acidentes causados por motoristas bêbados.

No ano todo, 726 pessoas foram presas na capital por beber e dirigir. A assessoria da PM não informou o número de acidentes relacionado ao primeiro semestre de 2018, apenas destacando que no período nenhuma pessoa em Curitiba morreu por envolvimento em acidente com pessoa bêbada.

A legislação vigente, chamada na época da promulgação que alterou o Código Brasileiro de Trânsito de “Lei da Tolerância Zero”, já era chamada de “Lei Seca” e teve origem em uma Medida Provisória do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A atual legislação proíbe qualquer nível de teor alcoólico no sangue do motorista. Até a publicação da lei, eram permitidos até seis decigramas de álcool por litro de sangue, o que é estimado em aproximadamente dois copos de cerveja, medida que variava de acordo com a pessoa.

Número de acidentes e mortes no trânsito aumentam na Capital, mostra BPTran

De acordo com balanço do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), 32 pessoas morreram no trânsito em Curitiba no primeiro semestre deste ano. Foram registrados no período 2.993 acidentes na Capital. No mesmo período do ano passado, de janeiro a junho, houve 2.849 acidentes que resultaram em 25 mortes. O desrespeito à legislação de trânsito e a imprudência são os principais fatores que elevaram os índices.

Considerando somente os acidentes com vítimas, as ocorrências aumentaram 8,04% (de 1.237 subiu para 2.082 casos) na comparação do primeiro semestre deste ano com o de 2018. O número de pessoas feridas cresceu 2,98%. Foram 2.385 vítimas nos primeiros seis meses deste ano e 2.316 no mesmo período do ano anterior.

As três vias em que mais ocorreram acidentes de trânsito de janeiro a junho de 2019 foram a Avenida Marechal Floriano Peixoto (63), a Avenida Comendador Franco (57) e a Avenida Visconde de Guarapuava (48). Durante todo o ano passado, a Avenida Marechal Floriano Peixoto teve 108 acidentes, seguida pela Avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, com 101, e pela Avenida Visconde de Guarapuava, com 87.

A extensão das vias, que interligam as regiões Sul e Central da Capital e a Região Metropolitana, e o tráfego intenso de veículos são os principais motivos para o alto número de acidentes, segundo o porta-voz do BPTran, tenente Rafael Kowalski.

“São motos, ônibus do transporte coletivo, táxis, motoristas de aplicativos de transporte privado disputando cada espaço com a ideia de perder o menor tempo possível no trânsito”, afirma. 

Kowalski acrescenta que outro aspecto que eleva o número de acidentes é o aumento da frota, que ganhou 18 mil veículos na cidade.

Pesquisa

Para quase um terço da população brasileira, a Lei Seca não impede que motoristas bêbados dirijam pelas ruas. A constatação está em um levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas e divulgado no último dia 16 de julho. A pesquisa perguntou se “Depois da Lei Seca, em sua opinião, os motoristas estão dirigindo menos, igual ou mais depois de ingerir bebida alcoólica?”. Para 5,6% dos entrevistados, mais motoristas estão dirigindo embriagados mesmo depois da Lei Seca. Para 30%, a Lei Seca não influencia na ingestão de bebidas alcoólicas antes de dirigir. Para a maioria, 59,4%, no entanto, a Lei Seca diminuiu o número de motoristas embriagados ao volante. O resultado aponta que 4,9% dos entrevistados não souberam responder ou não opinaram.