Franklin de Freitas – “Ratinho Jr: u201cPR perdeu tempou201d”

O governador eleito Ratinho Júnior (PSD) afirmou nesta segunda-feira (8), um dia após sua vitória no primeiro turno, que pretende fazer um governo de união, com o apoio da bancada federal e dos dois novos senadores eleitos, Oriovisto Guimarães (Pode) e Flávio Arns (Rede), para que o Paraná ganhe força política para trazer mais recursos federais para investimentos no Estado. Ratinho Jr disse que as brigas políticas entre governadores e senadores, nas últimas décadas, foram “uma tragédia para o Estado”, e avaliou que a derrota do senador Roberto Requião (MDB) e do ex-governador Beto Richa (PSDB) na eleição para o Senado mostra que a população está cansada desse tipo de política.

“Vou procurar essa semana inclusive (os novos senadores). É possível. O gesto de união. Me dou muito bem com os dois (Oriovisto e Arns). Chegou um novo momento para o Estado do Paraná”, disse Ratinho Jr, afirmando que no passado, governadores e senadores “nunca se falaram”, o que prejudicou a articulação política do Estado junto à União. “Vocês já viram uma reunião nos últimos quinze anos do governador com os senadores? Isso é muito ruim, é trágico para o Estado. Eu quero a cada 30, 40 dias estar em Brasília, se reunir com a bancada. Brasília é força política. Quando você se chega com um ministro, o governador com dois senadores, 30 deputados, isso tem peso na decisão do ministro em trazer recursos para o Estado. Nós temos que usar essa força”, defendeu. “O Paraná perdeu muito tempo. O Rio Grande do Sul recebeu quatro vezes mais recursos que o Paraná nos últimos quatro anos”, destacou.

Derrotados
“Se você analisar o cenário nacional, os políticos tradicionais, que tiveram a sua importância, mas todos eles acabaram; no Maranhão, a família Sarney, a governadora perdeu e o irmão perdeu para senador. Em vários estados aconteceu. Hoje as pessoas querem um conceito de governo, da política. Esse negócio da pessoa fazer da política uma profissão, as pessoas não querem mais”, disse o governador eleito, sobre a derrota de Requião e Richa.

Prefeitos
O governador eleito também afirmou que pretende manter o mesmo tipo de relacionamento com os prefeitos, inclusive com Rafael Greca (PMN), de Curitiba, que na eleição para o governo apoiou a candidatura à reeleição da governadora Cida Borghetti (PP). “Eu tenho consciência do momento que estamos vivendo. O Paraná sofreu demais com brigas políticas. Nos últimos 20, 30 anos, os senadores não falavam com o governador, o governador não falava com os senadores. A bancada de deputados não era unida. Isso tem que acabar. Eu quero fazer um governo de União. Unir os paranaenses em torno de um projeto para melhorar a vida das pessoas”, explicou. “Quando eu falo que é possível fazer um governo moderno, não é só na tecnologia. É nas atitudes, de você unir. Eu quero sentar já essa semana com os dois senadores eleitos pelo Paraná, Oriovisto e Flávio Arns, que são duas pessoas de bem, sérias, apaixonadas pelo Paraná. Quero falar com todos os prefeitos. É um governo de união. Vamos trabalhar muito por Curitiba, independente se o prefeito esteve comigo”, garantiu.

Transição
Ratinho Jr disse que já conversou com a governadora e deve se reunir com ela nos próximos dias para montar a equipe de transição. “A parte que mais preocupa é a questão das finanças. Nós sabemos que o Paraná arrecada R$ 59 bilhões, mas gasta R$ 59,5 bilhões. Então existe um defictizinho ainda. Está equilibrado, mas não tem gordura para gastar”, explicou.

Beto Richa admite deixar a política
Derrotado na eleição para o Senado, o ex-governador Beto Richa (PSDB) afirmou ontem que não descarta encerrar sua carreira política. Ele voltou a atribuir a derrota à sua prisão na operação Rádio Patrulha, que investiga suspeita de fraudes em licitações para obras em estradas rurais. Afirmou ainda ter sido vítima da “onda de mudança” que beneficiou o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e seus aliados. Apesar disso, confirmou a intenção de apoiar Bolsonaro no segundo turno contra Fernando Haddad (PT). “É a minha tendência (apoiar Bolsonaro). Só não quero anunciar agora em respeito às reuniões que estão para acontecer nos próximos dias”, explicou.

Richa teve 377.834 votos para o Senado, ou 3,73%, ficando com a sexta votação. Oriovisto Guimarães (Pode) e Flávio Arns (Rede) foram eleitos para as duas vagas, derrotando também o senador Roberto Requião (MDB). “Estou muito tranquilo. Preparei meu espírito para esse momento. Vou analisar agora com serenidade. Para frente vou avaliar que posicionamento posso tomar. Se continuo na política ou posso também avaliar a minha retirada da vida pública”, disse Richa.

O tucano se disse surpreso com o resultado. “Eu acho que não só aqui, no Brasil inteiro, surpreendeu a todos. Teve uma grande onda de mudança. Nomes novos foram privilegiados nesta eleição. Muito voto também de protesto a tudo o que está aí, uma grande renovação. Eu não imaginava uma renovação tão grande”, considerou. “O PSDB teve um péssimo desempenho no Brasil inteiro. Até pelo desgaste de estar no poder por vários mandatos”, disse.

“A vida do político é assim mesmo, altos e baixos. Eu preparei o meu espírito para esse momento”, apontou, afirmando ainda ter sido abandonado por prefeitos e deputados. “Muitos deputados, a imensa maioria também me abandonou”, disse. “E culminou com o governo pedindo para não me apoiar. E com essa operação que teve uma vasta notícia em todos os veículos de comunicação”, apontou o tucano. “Isso me arrebentou junto aos eleitores e as lideranças que me apoiavam. Eu fiquei praticamente sozinho”, afirmou o ex-governador. “Ali foi a pá de cal na minha candidatura”, considerou.

Richa admitiu ainda ter sofrido desgaste por causa do ajuste fiscal implantado em seu governo. “Os fatores que eu reputo para essa nossa derrota. Dois mandatos. Dificilmente alguém sai bem no segundo mandato. O meu agravado pelo ajuste fiscal que gerou uma grande incompreensão. E isso me causou desgaste”, avaliou.