Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Um dia depois do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, enfatizar a importância do isolamento social como forma de achatar a curva de contágio do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro resolveu fazer um passeio por Brasília neste domingo (29 de março).

Ele saiu de carro da residência oficial do Palácio da Alvorada, ainda durante a manhã, e seguiu primeiro para uma farmácia e uma padaria no bairro Sudoete. De lá seguiu para o Hospital das Forças Armadas e para o centro de Ceilândia, uma das regiões administrativas do Distrito Federal.

Como seria de se esperar, a presença de Bolsonaro nas ruas gerou pequenas aglomerações, a maior delas em Ceilândia. Isso contraria as recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde.

Sobre sua passagem pelo hospital, onde fez foto com apoiadores até menos juntando o rosto aos dos apoiadores, disse que foi ver “como estava o fluxo de pessoas”, mas não quis dizer se fez exame. “Que pergunta, meu Deus do céu. Outra pergunta”, disse.

Nas ruas, algumas pessoas pediam a abertura do comércio. No último dia 19, o governador Ibaneis Rocha (MDB) determinou o fechamento, até o próximo dia 5, de lojas, bares, restaurantes e também proibiu cultos e missas no Distrito Federal.

Uma mulher, relata o portal G1, fez apelo por isolamento. “Sem isolamento a gente não vai conseguir”, teria dito.

Em meio a apoiadores, porém, o presidente retomou o discurso de que “O Brasil não pode parar”. Reconheceu, no entanto, um problema em relação à propagação do coronavírus, mas voltou a citar também o aspecto econômico e social da doença.

“O povo tem que trabalhar ou a fome vem aí. O desemprego é terrível. O Brasil não pode parar. O povo tem dito para mim, se é que devemos seguir o povo e eu acho que sim, todo mundo está pedindo para trabalhar”, disse em um açougue em Taguatinga, a cerca de 30 quilômetros do Palácio da Alvorada.

Aos populares, o presidente ainda defendeu medidas de precaução contra a doença, mas principalmente para idosos e pessoas do grupo de risco. Segundo ele, nestes casos “a gripe” pode ser mais grave e serão tratados com hjidroxicloroquina. O medicamento, no entanto, ainda não tem sua eficácia cientificamente comprovada.