SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Agência de Segurança de Aviação da União Europeia (Easa) proibiu todas as operações com aviões Boeing 737 MAX 8 e 9 a partir das 19h (16h em Brasília) desta terça (12). A decisão foi motivada pelas suspeitas sobre a segurança deste modelo, envolvido em um acidente na Etiópia no domingo (10).

“Serão suspensos todos os voos comerciais operados com partida ou destino na União Europeia dos modelos mencionados”, disse o órgão, em nota. A EASA reúne 32 países do continente, incluindo Alemanha, Espanha, França, Itália, Portugal, Reino Unido, Noruega, Suécia e Suíça.

Nesta terça, mais cedo, 11 países já haviam decidido proibir o modelo em seu espaço aéreo, como Malásia, Austrália, Cingapura e Omã. Na segunda (11), China e Indonésia determinaram às empresas que operam em seus países que deixem de utilizá-lo.

No Brasil, pousos, decolagens e sobrevoos do 737 MAX continuam liberados. A Gol, única empresa nacional que possui unidades do modelo, anunciou na noite de segunda que deixará de utilizá-lo temporariamente.

O modelo esteve envolvido em dois acidentes nos últimos cinco meses. O último deles, no domingo (10), matou 157 pessoas na Etiópia. Outro, em outubro, deixou 189 mortos na Indonésia.

Ao menos 25 companhias aéreas decidiram parar de voar com o 737 MAX, segundo levantamento do jornal The New York Times. Após o acidente de domingo, passageiros publicaram questionamentos em redes sociais sobre a segurança da aeronave.

De acordo com a revista técnica Flightglobal, cerca de 40% dos 737 MAX em operação no mundo foram retirados de circulação pelos bloqueios temporários.

A autoridade de aviação dos EUA (FAA) emitiu na segunda (11) uma notificação que autoriza as operadoras a seguir com o uso do 737 MAX.

“Sem mudanças. Seguimos participando da investigação do acidente e decidiremos os passos a dar em função dos elementos que encontrarmos”, disse um porta-voz da FAA à AFP. Com isso, empresas como American Airlines e Southwest mantém as unidades deste avião em sua frota.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça (12) que os aviões se tornaram “complexos demais para voar”.

“Os pilotos não são mais necessários, e sim cientistas da computação do MIT”, acrescentou ironicamente, referindo-se ao prestigiado Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

A Boeing, cuja sede fica em Chicago, nos Estados Unidos, reafirmou sua “total confiança” na segurança do 737 MAX.

“Entendemos que agências regulatórias e clientes tomaram decisões que eles consideram as mais apropriadas”, disse a empresa em nota. A Boeing acrescentou que a FAA “não determinou nenhuma ação adicional neste momento e, com base nas informações disponíveis atualmente, não temos novas orientações para emitir aos operadores”.

A fabricante está trabalhando com a FAA desde o acidente na Indonésia, em outubro, para melhorar o software de controle que ajuda a manter o avião no ar. A atualização deve ser entregue nas próximas semanas.

O comitê nacional de segurança nos transportes da Indonésia avaliou que o voo da Lion Air recebeu uma “entrada (de informação) errônea” de um de seus sensores projetados para alertar os pilotos se a aeronave corre risco de entrar em situação de estol –quando o avião alcança tal ângulo de inclinação que perde sustentação. A investigação do comitê ainda não chegou a uma conclusão final sobre a causa do desastre.

O sensor e o software ligado a ele funcionam de uma maneira diferente de modelos anteriores do 737, mas os pilotos não foram alertados da diferença.

“Especular sobre a causa do acidente e discuti-lo sem saber todos os fatos importantes não é apropriado e pode comprometer a integridade da investigação”, escreveu Dennis Muilenburg, CEO da Boeing, em um comunicado aos funcionários, obtido pela AFP.

O MAX é a quarta geração do Boeing 737, que foi lançado em 1967 e se tornou o avião comercial mais vendido do mundo.

O modelo é oferecido em quatro tamanhos, 7, 8, 9 e 10, sendo que o 8 teve maior procura. Desde o lançamento, em 2017, foram encomendadas mais de 5.000 unidades do 737 MAX, de acordo com a agência Bloomberg.

Uma aeronave 737 MAX 8 custa em média US$ 121,6 milhões (R$ 467,9 milhões), segundo a Boeing. Esta foi a versão envolvida nos dois acidentes.

Na comparação com as versões anteriores, o MAX tem motores maiores, automação de mais itens e capacidade de voar distâncias maiores (até 6.570 km),

A avião também consome menos combustível: segundo a Boeing, e gasta 13% menos na comparação com outras aeronaves atuais de porte similar, com apenas um corredor interno. A empresa também diz que a aeronave é 40% mais silenciosa.

Países que vetaram voos com o 737 MAX

Alemanha

Austrália

Áustria

Bélgica

Bulgária

China

Chipre

Cingapura

Croácia

Dinamarca

Emirados Árabes Unidos

Eslováquia

Eslovênia

Espanha

Estônia

Finlândia

França

Grécia

Holanda

Hungria

Índia

Indonésia

Irlanda

Islândia

Itália

Kuwait

Letônia

Liechtenstein

Lituânia

Luxemburgo

Malta

Malásia

Noruega

Omã

Polônia

Portugal

Reino Unido

República Tcheca

Romênia

Suécia

Suíça

Algumas das empresas que suspenderam o uso do 737 MAX

Gol (Brasil)

Aerolíneas Argentinas

Aeromexico

Air China

Turkish Airlines

TUI (Alemanha)

Eastar Jet (Coreia do Sul)

Norwegian Air (Noruega)

Royal Air Maroc (Marrocos)

Algumas companhias que seguem usando o 737 MAX

American Airlines

Air Canada

Icelandair

Southwest