Edilson Rodrigues/Agência Senado – Fabio Wajngarten: na CPI

A revista Veja divulgou hoje o áudio em que o ex-secretário de comunicação do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten, declara que houve “incompetência” na gestão da pandemia da Covid-19 no país. A publicação foi feita após uma matéria da revista integrar os questionamentos da CPI da Covid, no qual o ex-secretário negou ter feito as declarações com críticas ao ex-ministro Eduardo Pazuello e às ações do governo federal.

Ao ser perguntado se foi “negligência ou incompetência”, Wajngarten confirma. “Foi incompetência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando a negociação e tem do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é sete a um”.

Ao depor da CPI, hoje, respondendo a um questionamento da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), Wajngarten garantiu que, na entrevista que concedeu a Veja, nunca disse que houve incompetência do Ministério da Saúde no processo de aquisição de vacinas. 

Perguntado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), o publicitário não respondeu de forma clara e disse que não falou de Pazuello e sim da burocracia do governo. A falta de objetividade irritou o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).

“Você chamou o Pazuello de incompetente na revista; você disse que a Pfizer tinha 5 escritórios de advocacia e o Governo não tinha, estava perdido. Essa é a única razão. Ninguém nem chamaria o senhor aqui. Não chamaria, não tinha por que chamá-lo. Então, o Senador Renan está sendo muito claro….Por favor, não menospreze a nossa inteligência. Ninguém é imbecil”, disse Aziz.

Aziz disse que Wajngarten só foi convocado a falar à CPI por conta da entrevista concedida à Veja, que se não fosse isso ele nem seria lembrado. O senador decidiu suspender a reunião por 5 minutos para que o ex-secretário fosse orientado por seu advogado e voltasse respondendo com mais objetividade.

“Sr. Fabio Wajngarten, com todo respeito que o senhor merece aqui na Comissão: se vossa excelência não for objetivo nas suas respostas, nós iremos dispensá-lo desta Comissão, pediremos à revista Veja que mande a degravação, e o convocaremos de novo, mas já não mais como testemunha e, sim, como investigado.”

A reunião foi retomada, o publicitário respondeu ao fim das perguntas de Renan, mas ainda sob reclamações dos senadores. A CPI decidiu pedir ainda nesta 4ª (12.mai) o áudio da entrevista dada à revista. O relator declarou que, em caso de mentira da testemunha, seria o caso de prisão.

“Vou cobrar a revista Veja e, se ele não mentiu, que ela se retrate a ele. E se ele mentiu a esta comissão, eu vou requerer à Vossa Excelência, na forma da legislação processual, a prisão do depoente”, afirmou Renan Calheiros.

As testemunhas chamadas para depor na CPI têm o dever de falar somente a verdade. Já investigados têm o direito de não responder a perguntas. Wajngarten foi convocado como testemunha.