Dálie Felberg/Alep – Alep: repúdio a depredações

O “quebra-quebra” de segunda-feira, no Centro Cívico, em Curitiba, após manifestação contra o racismo monopolizou os debates da sessão de ontem da Assembleia Legislativa. A maioria dos parlamentares criticou a queima da bandeira do Brasil retirada do mastro em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo estadual, pelos manifestantes já depois do final do ato antirracista. Parlamentares de oposição defenderam o ato antirracista, que segundo eles, foi legítimo e pacífico e culparam o clima de confronto, estimulado pelo comportamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus apoiadores.
“Não se pode admitir que cenas como essa se repitam, e muito menos aceitável que queimem a nossa bandeira. Um crime de lesa-pátria”, disse o deputado Recalcati (PSD). Homero Marchese (PROS) culpou “radicais de esquerda” pelo vandalismo. “O comportamento dos manifestantes foi absolutamente fascista”, apontou. O deputado Alexandre Amaro (Repub), afirmou que o movimento é “ilegítimo”. “Acredito que a polícia tem que agir com mais rigor”, defendeu. “São tão machões que quando a polícia chega, eles não ficam”, disse o deputado Coronel Lee (PSL).
O deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSB) afirmou que o movimento contra o racismo é legítimo, mas condenou a violência após o ato original. “Infelizmente um grupo se desgarrou dessa manifestação pacífica e veio ao Centro Cívico fazer baderna”, avaliou. “Pessoas que infelizmente são reativas a um discurso de ódio que permeia o nosso País”, considerou. “Quem faz discurso de ódio, para mim não diferencia se é de esquerda ou de direita. Eu os condeno”, disse. “A motivação do ato na Santos Andrade, se justifica. Agora os anarquistas, não satisfeitos com o ato se juntam a outros sem causa, quebram patrimônio público e privado. Para esses a lei”, concordou o deputado Michele Caputo (PSB).
Grito
O deputado Requião Filho (MDB) defendeu o movimento e criticou o “discurso de ódio”, cultivado, segundo ele, por Bolsonaro e seus apoiadores. “Não vi ninguém falar aqui dos neonazistas na Avenida Paulista (SP). Ou a senhora que foi na manifestação com um taco de beisebol”, lembrou. “Teve quebra-quebra após o fim do ato. Alguns revoltados, excluídos ou infiltrados. É um grito de desespero contra o assassinato de negros e pobres na periferia”, considerou.
O deputado Arilson Chiorato (PT) negou que a violência no final do protesto tenha sido estimulada pela esquerda. “É lamentável que tenham pessoas que desviam o foco das manifestações e acabam tirando o foco da luta contra o racismo. Não tem black block na esquerda”, disse. “Não tenho simpatia pelo Bolsonaro, mas todos os atos patrocinados pela direita, não vi violência”, afirmou o líder do governo, deputado Hussein Bakri (PSD).