
A Rússia condenou “veementemente” os ataques dos Estados Unidos a instalações nucleares no Irã, informou neste domingo (22) o Ministério das Relações Exteriores russo. Os ataques ocorreram após recentes ofensivas de Israel à nação iraniana.
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“Esta decisão imprudente de lançar ataques aéreos e com mísseis contra o território de um Estado soberano, independentemente das justificativas apresentadas, constitui flagrante violação do direito internacional, da Carta da ONU e de resoluções relevantes do Conselho de Segurança da ONU, que tem consistente e inequivocamente considerado tais ações inaceitáveis. Particularmente preocupante é o fato de os ataques terem sido executados por um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU”, afirma comunicado da chancelaria russa.
Para o governo russo, as consequências desta ação, incluindo potenciais efeitos radioativos, ainda não foram determinadas. “No entanto, já é evidente que uma escalada perigosa está em andamento, que ameaça desestabilizar ainda mais a segurança na região e no mundo. Isso aumentou drasticamente a probabilidade de um conflito maior no Oriente Médio, uma região já assolada por inúmeras crises”, diz o texto.
‘Golpe substancial’
A chancelaria russa destaca que os ataques às instalações nucleares iranianas representaram um “golpe substancial” no regime global de não proliferação construído em torno do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). “Eles minaram significativamente tanto a credibilidade do TNP quanto a integridade dos mecanismos de monitoramento e verificação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que o sustentam.”
“Esperamos que a liderança da AIEA responda prontamente, profissionalmente e com transparência, evitando linguagem vaga ou tentativas de se esconder atrás de ‘equidistância’ política. É necessário um relatório imparcial e objetivo do diretor-geral, a ser submetido à consideração na próxima sessão especial da Agência”, acrescenta o governo russo.
Ainda segundo a Rússia, o Conselho de Segurança da ONU também deve assumir uma posição firme. E “ações de confronto e desestabilizadoras” tomadas pelos Estados Unidos e Israel devem ser rejeitadas coletivamente.
“Apelamos ao fim imediato da agressão e à intensificação dos esforços para que a situação retorne a um caminho pacífico e diplomático” completa o ministério russo.
O governo brasileiro também condenou com “veemência” ataques “em violação da soberania do Irã e do direito internacional”.
Conflito
Acusando o Irã de estar próximo de desenvolver uma arma nuclear, Israel lançou um ataque surpresa contra o país no último dia 13, expandindo a guerra no Oriente Médio.
Neste sábado (21), os Estados Unidos atacaram três usinas nucleares iranianas: Fordow, Natanz e Esfahan. O Irã afirma que seu programa nuclear é apenas para fins pacíficos. E que estava no meio de uma negociação com os Estados Unidos para estabelecer acordos que garantissem o cumprimento do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, do qual é signatário.
A AIEA vinha acusando o Irã de não cumprir todas suas obrigações. Contudo, a agência reconhece que não tem provas de que o país estaria construindo uma bomba atômica. O Irã acusa a agência de agir “politicamente motivada” e dirigida pelas potências ocidentais, como EUA, França e Grã-Bretanha, que têm apoiado Israel na guerra contra Teerã.
Em março, o setor de Inteligência dos Estados Unidos afirmou que o Irã não estava construindo armas nucleares. Agora, o presidente Donald Trump questiona essa informação.
Israel não aceita que Teerã tenha armas nucleares. Mas fontes ao longo da história indicaram que o país mantém um programa nuclear secreto desde a década de 1950. Tal projeto teria desenvolvido pelo menos 90 ogivas atômicas.