A união entre conservacionistas e iniciativa privada em prol de um importante bioma em extinção ganha novo eco no Paraná. O pedido de socorro vem na voz de Gianfresco Guarnieri, que num de seus últimos trabalhos faz a narrativa do DVD “A Grande Derrubada – A história da extinção dos pinheiros do Paraná”, que será lançado nessa quarta-feira (29), às 20 h, no anfiteatro do UnicenP – Centro Universitário Positivo. Dos mais de 8 milhões de hectares de áreas de Floresta com Araucária que existiam originalmente no Estado do Paraná, restam menos de 60 mil hectares. Isso representa menos de 0,8% desta floresta que só existe no Sul do Brasil, com sua maior parte no Paraná.
O evento de lançamento é uma parceria do Grupo Positivo com a SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental). A iniciativa é reflexo da parceria nascida em 2003 (veja abaixo). Além de remontar e explicar as causas históricas do desmatamento, o documentário aborda ainda a “adoção” de áreas de mata nativa pela iniciativa privada como uma das saídas para a questão a curto prazo.
“A Adoção de Áreas Privadas de Floresta com Araucária ainda bem conservadas é, dentre as diversas necessidades para a conservação do bioma, a mais emergencial e, portanto a de maior relevância estratégica. Estamos chamando a atenção para este particular que precisa ser incorporado imediatamente por todos os setores da sociedade, preponderantemente o setor público, capaz de criar políticas de incentivo para que estas iniciativas demonstrativas ganhem escala e se transformem num efetivo instrumento de conservação”, afirma Clóvis Borges, diretor executivo da SPVS.
Além de remontar e explicar as causas históricas do desmatamento retrata um dia na vida de uma mata de pinheiros. Começa com o amanhecer, contando das milhões de árvores que existiam, passa pelo meio do dia, com o depoimento de agricultores, ex-madeireiros, ambientalistas, técnicos engenheiros florestais e empresários. Termina com idéias para a preservação do que ainda resta. ´O documentário é alinhado com um texto sobre o trabalho de machadeiros. Homens que se preparam para derrubar um grande pinheiro. No transcorrer do texto, interpretado pelo ator Gianfrancesco Guarnieri, acontecem os depoimentos, explica o publicitário Eloi Zanetti, que dirigiu e supervisionou o projeto.
“Acreditamos que é preciso uma ação imediata do governo, iniciativa privada e da sociedade em geral para evitar a devastação total destas áreas. Tão importante quanto conscientizar, é preciso agir. Só assim poderemos garantir a integridade do que resta e evitar a iminente extinção”, explica Giem Guimarães, executivo do Grupo Positivo e conselheiro da SPVS.
Marcos Sá Correia participa do debate – Durante o evento de lançamento haverá também um debate sobre a situação das Araucárias no Paraná mediado pelo consultor de marketing Eloi Zanetti, conselheiro da SPVS. Entre os debatedores estão Clóvis Borges, diretor da SPVS, Eduardo Mielke, coordenador do Projeto de Conservação e Educação Ambiental da Mara do Uru e o jornalista Marcos Sá Correa.
Projeto de Conservação e Educação Ambiental da Mata do Uru – Grupo Positivo desenvolve há três anos o Projeto de Conservação e Educação Ambiental da Mata do Uru, que mudou o destino de uma reserva de 131 hectares na Lapa, próxima a Curitiba. Vivem ali centenas de espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção. Essa área se transformou num grande laboratório a céu aberto, num projeto de Educação desenvolvido por alunos de Educação Infantil e Ensino Superior.
Mas para entender toda essa história temos que voltar um pouco no tempo. Tudo começou em 2003 quando o Grupo Positivo decidiu aderir a uma campanha lançada pela SPVS, que consistia na construção de alianças entre a iniciativa privada e proprietários de áreas ambientais no Paraná e Santa Catarina.
A adesão à campanha significava adoção de uma área em bom estado de conservação para proteger Floresta com Araucária e foi isso que uniu a corporação paranaense à família Campanholo, proprietária da reserva Mata do Uru no município da Lapa, a 80 quilômetros de Curitiba. A SPVS, por sua vez, responsável por fazer a ponte entre os dois parceiros, passou a completar o vértice da tríplice parceria.
Mas a iniciativa do Grupo Positivo não parou na simples adoção da área. Ela evoluiu para a criação de um projeto de fato, ou seja, o Projeto de Conservação e Educação Ambiental da Mata do Uru, um casamento entre ambientalistas, uma família interessada em conservar uma área importante e uma instituição interessada em investir e colaborar para uma maior conscientização ambiental da comunidade onde atua.
Presente e futuro – A parceria firmada em 2003 já rendeu muitos frutos. Um deles é a proteção da área propriamente dita, uma vez que a Mata do Uru era alvo de ataques de posseiros interessados exclusivamente em explorar suas riquezas naturais sem nenhum cuidado.
“Tão importante do que cuidar do presente é garantir um futuro para a área e para todos aqueles que usufruem dela. Por isso, a importância e o investimento do Grupo Positivo em educação ambiental porque o impacto é ainda mais amplo porque o projeto tem impacto sobre centenas de alunos e professores, que replicam seus conhecimentos para outros alunos, familiares, amigos e estes para os seus. E, assim, sucessivamente”, reforça Giem Guimarães.
Nesse âmbito de educação ambiental, o Projeto de Conservação da Mata do Uru se desdobrou em vários sub-projetos, todos destinados ao público estudantil, beneficiando alunos desde Educação Infantil até Ensino Superior. Todo este trabalho é coordenado por uma equipe de professores universitários do UnicenP – Centro Universitário Positivo, a instituição de Ensino Superior do Grupo Positivo em Curitiba. Na verdade, a Mata do Uru se transformou em um grande laboratório a céu aberto devido à riqueza da fauna e da flora ali presentes. Nela os alunos de ensino básico vivenciam na prática o que estudam na sala de aula nas disciplinas de Ciências, História, Geografia, Língua Portuguesa e até mesmo em Língua Inglesa. Nela, os professores universitários trabalham na estruturação das atividades, envolvendo estudantes de várias áreas afins como Biologia, Arquitetura, Engenharia, Pedagogia e Turismo.
Por exemplo, alunos de Arquitetura vão colaborar para o sub-projeto de restauração de uma casa onde já morou algumas gerações da família Campanholo (que se transformará em um pequeno museu) e na construção de uma pequeno anexo que servirá de ponto de apoio para recepcionar os alunos e visitantes que ali passarão para trabalhos e atividades. Os estudantes de Turismo vão colaborar na formulação do modelo de visitação turística, além de estudarem para serem os próprios guias oficiais dos alunos que visitarão a Mata do Uru.
O Grupo Positivo tem como valores fundamentais para o crescimento de seus negócios e da sociedade: o saber, a ética, o trabalho e o progresso. Alinhada a isso está sua política de responsabilidade social, que tem como foco a educação, a inclusão social e a preservação ambiental. As iniciativas da corporação são estruturadas em cinco categorias: ambiental, cultural, educacional, social e também de projetos internos. O Projeto de Conservação e Educação Ambiental da Mata do Uru é um dos quase 100 projetos apoiados ou desenvolvidos pelo Grupo Positivo. Se quiser conhecer detalhes de todos os projetos acesse a área de responsabilidade social no site institucional do Grupo Positivo: www.positivo.com.br
Efeitos do desmatamento – Sempre se sobrepondo à natureza e à beleza cênica das Florestas com Araucária, foi justamente o interesse comercial que quase consumiu por completo uma das maiores riquezas do Paraná. A extração sem planejamento dos recursos naturais esvaziou os ambientes florestais e, em seu lugar, surgiram os grandes campos de agricultura, pecuária e florestas empobrecidas. Como resultado, o Paraná tem hoje apenas 0,8% de sua área original de Florestas com Araucária bem conservadas – número levantado em 2001 pela equipe do biólogo Ricardo Miranda de Britez.
Além de todos os problemas ambientais decorrentes do desmatamento, o Paraná perdeu as paisagens naturais que as próximas gerações não poderão ver. O estudo feito em 2001 aponta que a maior parte deles está nas regiões de Guarapuava, União da Vitória e Palmas, no centro-sul do Paraná, onde são contínuos e formam corredores florestais. Ao contrário dos fragmentos (“ilhas de florestas”), os corredores são decisivos para a sobrevivência da flora e fauna que habitam as Florestas com Araucária. Eles servem de pontes para ligar um remanescente ao outro, permitindo a ampliação dos ambientes naturais para o deslocamento das espécies. Além disso, os remanescentes também porções de mais alta biodivesidade, atuando, por exemplo, como um berço para produzir sementes, que poderão recuperar áreas degradadas das Florestas com Araucária.