FILIPE OLIVEIRA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um novo aplicativo para celular está sendo usado para mapear e contabilizar os tiroteios na região metropolitana do Rio de Janeiro. Para isso, o Fogo Cruzado, lançado na última terça-feira (5) pela Anistia Internacional, conta com a colaboração de pessoas comuns. Pelo app, é possível informar as ocorrências de tiroteios com feridos, tiroteios sem vítimas e múltiplos tiroteios.

Essas notificações, após moderação para verificar sua veracidade, serão usadas para a criação de relatórios semanais, mensais e trimestrais da violência armada no Rio, que serão disponibilizados no site www.fogocruzado.org.br. Até o final do ano, serão priorizadas algumas regiões para a elaboração do relatório, entre elas Jacarézinho, Manguinhos, Complexo da Maré, Complexo do Alemão, Acari, Cidade de Deus e.

Nessas localidades, a Anistia Internacional possui parcerias com outras organizações, que ajudarão a confirmar se as notificações enviadas pelos usuários do aplicativo estão corretas, explica Cecília Oliveira, pesquisadora e gestora de dados do Fogo Cruzado. Assim que informações sobre tiroteios são confirmadas, elas são usadas para compor um mapa, colaborativo no site do projeto. Ele permite verificar a quantidade de ocorrências por região em período entre 1 semana e 1 ano.

Segundo Oliveira, durante este ano, serão feitas melhorias no funcionamento do aplicativo e nos mecanismos de coleta e avaliação dos dados.

A seguir, o sistema deve ser exportado para outras cidades. Na primeira semana após o lançamento do aplicativo, foram recebidas mais de 400 notificações enviadas por usuários e foram realizados 15 mil downloads do app. Dessas, 265 foram validadas pela Anistia Internacional. Outras não foram consideradas, por serem repetidas ou por apontar tiroteios em regiões que estão fora da cobertura atual do aplicativo, segundo a organização. Dentre as notificações aprovadas, 24 apontaram vítimas fatais, 20 indicaram feridos e 51 registraram ocorrência de operação policial. O aplicativo pode ser usado em celulares que rodam com as plataformas Android e IOS.

 

PROJETO

Oliveira, que é jornalista, diz que projeto pessoal seu de mapear os tiroteios no Rio de Janeiro, iniciado em 2015, foi o embrião para a criação do aplicativo. Ela conta que tabulava as ocorrências consultando várias fontes de informações diferentes (sites da polícia, ONGs e imprensa), mas não existia uma base de dados que reunisse todas as ocorrências. Oliveira diz que um passo seguinte para o aplicativo é permitir a combinação de dados sobre tiroteios com prejuízos à sociedade causados por ele, como fechamento de escolas ou interrupção do transporte público: “Quando a bala chega a atingir alguém, essa é a última instância da violência armada. Mas existem muitas outras violações que não são medidas”, diz.