Após Paraisópolis, Doria lança festival para talentos musicais de favelas

Estadão Conteúdo

Duas semanas após as mortes de nove jovens durante um baile funk em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, o governador João Doria (PSDB) lançou nesta sexta-feira, 13, um festival para revelar e apoiar talentos musicais de comunidades de todo o Estado. Chamado de FavelaFest, a iniciativa ocorrerá em março de 2020.

Na entrevista concedida à imprensa para apresentar os detalhes do festival, Doria disse que o evento não é uma reação ao que aconteceu em Paraisópolis. Segundo ele, o festival vinha sendo preparado há quatro meses. Depois das mortes, tanto o governo do Estado quanto a Prefeitura foram pressionados pelos moradores de Paraisópolis a atender demandas sociais e até a realizar um baile funk com regras, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo.

“Quero deixar bem claro que isso não foi resultante do tema Paraisópolis, isso estava dentro da nossa política pública. Foram quatro meses de preparo”, disse o governador. Ele disse que o anúncio nesta sexta ocorreu na data prevista e foi feito dentro do timing programado.

A ação, segundo o Estado, oferecerá espaço e estímulo aos talentos musicais emergentes das favelas de todas as regiões de São Paulo, “impulsionando carreiras e contribuindo para a profissionalização de novos artistas”.

O FavelaFest promoverá uma mobilização em mais de 400 favelas do Estado. Os artistas poderão inscrever suas produções, que serão avaliadas por um júri e por votação popular em três etapas, explicou o governo.

“É importante entender e trabalhar com o fato de que talento, diversidade, potência, garra e criatividade são ativos que existem em todas as comunidades do Estado de São Paulo. Nossa função é dar vez e voz a tudo isso, potencializando, difundindo e transformando esse potencial em renda, emprego e desenvolvimento”, disse o secretário da Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão.

O evento ocorrerá em março de 2020. Os selecionados, segundo o governo, serão contemplados com cursos profissionalizantes, oportunidade de gravações profissionais e divulgação de seus trabalhos. Os finalistas se apresentarão no Memorial da América Latina, em evento destinado à música e a economia criativa produzida nas favelas.

Na entrevista, o governador voltou a comentar o caso de Paraisópolis. Questionado sobre a possibilidade de o Estado pagar indenizações a parentes das vítimas, Doria disse que é preciso aguardar. “Temos que aguardar o final do inquérito. O Estado não pode precipitar juízo a esse respeito. Há uma inquérito policial transparente com acompanhamento da promotoria e defensoria pública, da OAB. Se na conclusão houver uma circunstância onde o Estado tenha culpa, vamos agir como agimos na Escola Raul Brasil, em Suzano, pagando indenizações, fazendo isso com a mesma brevidade”, apontou o governador.