Autismo justifica atitudes imprudentes? Veja o que diz especialista sobre o caso de Maíra Cardi e Thiago Nigro

Utilizar o autismo como justificativa para ações inadequadas é prejudicial para a imagem e o entendimento dos próprios autistas, afirma o Pós PhD em neurociências e fundador do RG TEA, Dr. Fabiano de Abreu Agrela

Redação Bem Paraná com assessoria
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(Foto: Reprodução/Instagram)

O aborto espontâneo da influencer Maíra Cardi causou rebuliço nas redes sociais após seu marido, Thiago Nigro, postar foto do feto nos stories.

“A maneira como ele sente e expressa a dor, os sentimentos, é diferente. A forma como eles [pessoas no espectro autista] lidam com o mundo, expõem as dores e agem com praticidade pode parecer assustadora para quem não entende, mas é uma condição, não uma escolha”, disse ela.

No vídeo, Maíra explicou que Thiago possui um leve grau de autismo, o que influencia sua maneira de lidar com emoções e situações, de forma diferente do que é habitual para a maioria das pessoas.

“Cada um lida com a dor de forma diferente, muitas vezes de maneiras que parecem incomuns. Algumas pessoas dissociam, e acho que o Thiago dissociou. Foi um grande trauma para nós dois. Apesar de ele talvez não perceber o impacto, eu percebo. Mais uma vez, obrigada a todos e peço respeito ao nosso luto. Pedimos desculpas por qualquer mal-entendido”, concluiu.

Ela também contou que só soube da postagem de Thiago após receber diversas mensagens e perceber que seu nome estava viralizando nas redes sociais. Aproveitou a oportunidade para pedir mais empatia diante do difícil momento que ambos estão vivendo.

Autismo justifica atitudes imprudentes?

De acordo com o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós PhD em neurociências e fundador do RG-TEA – grupo que reúne especialistas, pessoas com autismo e familiares para aumentar a divulgação científica sobre a condição e tem como embaixadora Giovanna Cariry, uma autista nível 2 de suporte com mais de 3 milhões de seguidores nas redes sociais- a condição não justifica atos como o de Thiago Nigro.

“Utilizar o autismo como justificativa para ações inadequadas é prejudicial para a imagem e o entendimento dos próprios autistas. Como representante do RG-TEA, um grupo dedicado ao apoio e à pesquisa sobre o autismo, posso afirmar que essa abordagem não é benéfica. Além disso, diversos autistas com quem conversei expressaram descontentamento em relação a essa prática”.

“Autistas geralmente apresentam menor empatia cognitiva, mas maior empatia emocional, em comparação a pessoas não autistas. Além disso, costumam desenvolver bem a lógica e o raciocínio analítico”.

“Por isso, atitudes impulsivas ou irresponsáveis, que ignoram as consequências, não podem ser justificadas exclusivamente pelo autismo, especialmente quando se trata de comportamentos inadequados ou errados. Ou seja, esta lógica tende a compensar a empatia cognitiva”, afirma o Dr. Fabiano de Abreu.