RIO DE JANEIRO, RJ – Em seu aniversário de 50 anos, a Banda de Ipanema, um dos mais tradicionais blocos do Rio, levou 90 mil foliões às ruas do bairro da zona sul carioca neste sábado (14) de Carnaval, segundo estimativa da Riotur (empresa municipal de turismo).
A banda comemorou seu cinquentenário e os 450 anos do Rio, abrindo o desfile com “Cidade Maravilhosa”.
O cortejo partiu da praça General Osório, onde fica um dos acessos ao metrô de Ipanema, que estava lotado. Na estação, foliões já chegavam cantando e batucando nas paredes.
O trajeto seguiu para a praia, com a banda tocando marchinhas e enredos.
Entre as fantasias, Cerverós, Graças e Dilmas, quase não havia. A única brincadeira politizada que a reportagem presenciou foi uma performance da presidente sendo presa, a 200 metros de distância da banda do bloco.
Uma camionete branca trazia na caçamba três manifestantes: um vestido de policial, outro de presidente Dilma e um terceiro com correntes de plástico nos pulsos.
Da caixa de som instalada no carro saíam paródias de músicas conhecidas dos brasileiros, como “Hoje”, da funkeira Ludmilla, adaptada para letras críticas ao poder público.
Eles são do Movimento Brasil Livre, grupo recém formado que, segundo um fundador, tem cerca de 500 pessoas.
“Este é um momento de festa, então as pessoas esquecem tudo que está errado com o país. A gente está aqui para lembrá-las”, diz o estudante Pedro Mercante, 21.
As reivindicações do movimento são a solução da corrupção, a maior fiscalização do governo pelo povo e a melhora na eficiência da máquina pública.
Já as homenagens ao ator mexicano Roberto Bolaños, morto em novembro de 2014, foram muitas, por meio das fantasias de Chaves, protagonista de um dos seriados mexicanos de maior sucesso.
Julio Tavares, 26, estava com o traje completo, do chapéu aos sapatos, passando pelo suspensório.
“Já planejava usar esta fantasia desde janeiro. É uma roupa fácil e leve como o Chaves era. Assisto ao programa desde que nasci”, conta.
Na foliã Erika Baptista, 31, Julio encontrou seu par. Ela estava vestida de Chiquinha, outra personagem da série conhecida por seu choro estridente.
“Faz três anos que me visto de Chiquinha. Nunca encontrei tantos colegas de set!”, brinca.
Entre os foliões, havia muita preocupação com a possibilidade de furtos –escutava-se as pessoas comentando que não podiam “dar mole” com o celular, e que o dinheiro deveria ser guardado dentro da calça. Ipanema e bairros adjacentes têm sido alvo de muitas ocorrências de assaltos e arrastões.
A reportagem, porém, não registrou, ao acompanhar o desfile, qualquer ocorrência de furto ou tumulto.
Às 19h o bloco deixou a orla e começou a retornar à praça de onde partiu. A previsão da Riotur era que a folia durasse até as 22h.