FERNANDA PEREIRA NEVES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Conselho Universitário USP (Universidade de São Paulo) aprovou em reunião realizada nesta terça-feira (4) um sistema de cotas sociais e raciais que deve ser implantado já no vestibular de 2018.
A proposta inicial para a reserva de vagas escalonada para alunos de escola pública foi aprovada após seis horas de reunião. Com isso, 37% das vagas serão reservadas a esses alunos em 2018. Essa reserva aumentará a cada ano: 40% em 2019, 45% em 2020 e, finalmente, 50% em 2021.
No fim do encontro desta terça foram votados os destaques propostos ao texto original, o que acabou incluindo a reserva de vagas para os candidatos autodeclarados pretos, pardos e indígenas nas mudanças.
Um dos destaques aprovado pelos conselheiros é que, na reserva de vagas para os estudante de escolas públicas, também incidirá o porcentual de 37% de reserva de vagas para estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas índice equivalente à proporção desses grupos no Estado de São Paulo verificada pelo IBGE.
Para 2018, a meta deve ser alcançada por todas as unidades não por todos os cursos. Apenas a partir de 2019, a cota deverá ser alcançada por curso e turno.
A proposta de cotas sociais da reitoria já tinha passado em várias outras instâncias, com parecer positivo, mas a definição de cotas para pretos, pardos e indígenas tinha ficado de fora das novas regras inicialmente. A ideia era que cada unidade dispusesse da reserva específica para isso, sem que houvesse uma meta definida.
Quase 300 professores da USP chegaram a assinar um manifesto exigindo que a entidade aprovasse cotas raciais. Os professores consideram que a proposta é insuficiente. “As cotas somente para escolas públicas não bastam para garantir que a Universidade alcance a meta da composição étnico-racial da população”, dizia o abaixo-assinado.
O reitor da USP, Marco Antonio Zago, classificou a decisão do Conselho Universitário como “histórica”. “É emblemático, porque representa uma universidade que tem liderança e muita visibilidade no país. A inclusão social é um problema importante do ponto de vista de integração de nossa população”, afirmou em nota.
A implementação de cotas representa um tabu histórico na USP, principal instituição pública de ensino superior do país. A universidade tem sofrido pressão ao longo do anos para garantir maior inclusão entre seus alunos.
Neste ano, 37% dos ingressantes são oriundos de escolas públicas percentual que não se repete em cursos tradicionais e concorridos, como medicina e engenharia. Ainda assim, o índice é baixo, considerando que mais de 80% dos alunos de ensino médio de São Paulo estão em unidades públicas.
O reitor Marco Antonio Zago havia prometido que, até 2018, a universidade garantiria 50% dos ingressantes da rede oficial. No entanto, a nova resolução estende o prazo.
SISU
O Conselho Universitário também aprovou nesta terça a ampliação do número de vagas do próximo concurso vestibular que serão destinadas ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada).
Ao todo, em 2018, serão oferecidas 11.147 vagas. Segundo a reitoria da universidade, desse total, 8.402 serão reservadas para candidatos aprovados pela seleção da Fuvest e 2.745 para o Sisu, com base na nota do Enem.
As 2.745 vagas reservadas para o Sisu serão distribuídas em três modalidades: 423 serão para ampla concorrência; 1.312 para estudantes que tenham cursado o ensino médio integralmente em escolas públicas; e 1.010 para alunos oriundos de escolas públicas e autodeclarados pretos, pardos e indígenas.
Em relação ao vestibular de 2017, houve aumento de 407 vagas destinadas ao Sisu.