SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O consórcio Move SP recebeu proposta de uma empresa internacional interessada em adquirir a concessão da linha 6-laranja, mais conhecida como “linha das universidades”, do metrô paulistano.
A negociação, de caráter confidencial, é válida por 60 dias e foi comunicada à pasta dos transportes da gestão Geraldo Alckmin (PSDB).
Caso esse acordo se concretize, o governo paulista não precisará relicitar o processo de concessão e as obras, que estão paradas, poderiam ser retomadas ainda neste semestre.
Nos próximos dois meses, a Move SP vai analisar questões jurídicas, financeiras e técnicas da nova proposta.
O interesse internacional pelo empreendimento, caso confirmado, alivia a situação financeira da Move SP.
Três das empreiteiras do consórcio (Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC Engenharia) estão sendo investigadas pela operação Lava Jato pelo pagamento de propinas a políticos, o que inviabilizou até o momento a obtenção de financiamento para o prosseguimento das obras.
A implantação da linha 6-laranja teve início em janeiro de 2015 e, em 2 de setembro do ano passado, por decisão unilateral, a Move São Paulo informou ao governo paulista a paralisação integral das obras, alegando dificuldades na obtenção de financiamento de longo prazo junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Pelo contrato, a concessionária é a única responsável pela obtenção dos financiamentos para a construção, cuja execução atingiu os 15%. O governo Alckmin aportou, até o momento, R$ 694 milhões para pagamento de obras e R$ 979 milhões para pagamento das desapropriações de 371 ações.
Prometida durante a campanha de Alckmin, a linha 6-laranja é apenas uma das seis obras de expansão do Metrô. Todas elas, porém, estão atrasadas.
ATRASO
Com 15 km de extensão e 15 estações, a linha 6 foi apelidada de linha das universidades, por ter em seu trajeto sedes de instituições de ensino como PUC, Mackenzie e FAAP.
Essa linha passará abaixo do rio Tietê e chegará a uma das regiões mais populosas da periferia da zona norte da cidade. Atenderá, por exemplo, o distrito da Brasilândia.
O anúncio da linha foi feito ainda na gestão José Serra (PSDB), em 2008.
Na época, a promessa era de que a linha já estaria em operação em 2012.
Na ocasião, moradores de Higienópolis se organizaram para protestar pela presença do metrô. O termo “gente diferenciada” chegou a ser usado para descrever as pessoas que seriam atraídas por uma estação no tradicional bairro paulistano.
A assinatura do contrato de PPP (parceria público privada) só ocorreu em dezembro de 2013, quando a estimativa era de que a linha poderia funcionar parcialmente até 2018.
O contrato foi comemorado por ser a primeira PPP plena do Brasil. Ou seja, o consórcio vencedor não apenas faria a obra, como seria responsável pela operação da linha por 25 anos.
A expectativa é de que isso tornaria o projeto mais atrativo à iniciativa privada, além de incentivar o término das obras. O custo total do empreendimento é de R$ 9,6 bilhões, dos quais R$ 8,9 bilhões serão divididos entre governo e o consórcio.
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