SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Aconteceu nesta quarta-feira (30), na Unibes Cultural, o encontro “Homem Brasileiro e Revista Serafina”, que discutiu comportamento e masculinidade no evento “Homem Brasileiro 2017”, idealizado pelo designer de moda Mário Queiroz.
Chico Felitti, Editor Assistente da revista Serafina, mediou a primeira mesa, composta pelo escritor Antonio Prata, pelo professor da GV Samuel Pessôa -ambos colunistas da Folha de S.Paulo- e pelo publicitário Mario Ernesto René Schweriner.
Os temas discutidos variaram entre a abordagem publicitária da masculinidade, as discussões sobre sexualidade, a paternidade e a posição social do homem em relação ao emergente contexto dos movimentos feministas. Mas foram os temas “estupro” e “identidade de gênero” que causaram polêmica.
Segundo Prata, o que incita um homem a estuprar é uma falha cultural.
“Há uma permissibilidade na nossa sociedade que fala que tudo bem estuprar uma mulher. Temos uma falha na nossa cultura”, diz.
Já Schweriner acredita que o que ocasiona o estupro é o instinto e que o homem está confuso com a pluralidade da discussão de gênero.
“Não se muda o instinto em 20, 30 ou 100 anos. O homem machão vai continuar sendo assim porque isso vem dos homens das cavernas”, afirma.
A resposta à fala veio da segunda mesa, mediada pelo colunista da Folha de S.Paulo Pedro Diniz. Composta pelo doutor em Sociologia do Consumo Fabio Mariano Borges, pelo jornalista Gilberto Scofield e pela doutora em comunicação Soraya Barreto, o debate se iniciou com a fala feminina.
“Discordo da afirmação do instinto. O que chamam de instinto eu chamo de machismo na nossa cultura e o que chamam de confusão eu chamo de liberdade e revolução”, diz Barreto.
Scofield, que é homossexual e pai adotivo de dois filhos, complementou dizendo que essa linha de pensamento se estende também para a paternidade.
“Paternidade e maternidade, biológica ou não, não tem a ver com instinto, é uma coisa construída. Ser pai é romantizado”, diz.
Complementarmente à mesa anterior, o tema da publicidade voltada para o público masculino também foi abordado. Segundo Borges, não há uma imagem múltipla do homem na mídia.
“As agências acham que o masculino está mudando simplesmente porque os homens estão sendo representados como pessoas com vaidade, que cuidam de si. Isso vem desde a Grécia, do Egito. As empresas estão longe de abordar o múltiplo masculino”, diz.
Mas, já ultrapassando o último minuto do debate, foi Barreto que encerrou a mesa com uma frase pontual, alheia ao tema exposto por Borges.
“Vou me desculpar por desviar da discussão, mas só preciso falar isso: estupro não tem a ver com sexo, tem a ver com poder”, concluiu, seguida dos aplausos da plateia.
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