GABRIEL ALVES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dois estudos brasileiros estão entre os dez premiados deste ano pelo cobiçado (ok, talvez nem tanto) prêmio Ig Nobel. A láurea é oferecida pela revista “Annals of Improbable Research” e os vencedores recebem uma cédula de dez trilhões de dólares —do Zimbábue, de valor ínfimo.
Uma das pesquisas nacionais premiadas foi a do pesquisador Rodrigo Ferreira, da Universidade Federal de Lavras, que ganhou na categoria biologia. Ele com colegas da Suíça e do Japão descreveram, pela primeira vez, a “reversão sexual” em insetos cavernícolas —trocando em miúdos, a fêmea apresenta uma espécie de pênis e o macho possui uma cavidade.
Para conseguir demonstrar para o mundo que aquilo era verdade, Ferreira e colegas tiveram que caçar os insetos e pegá-los no flagra, enquanto cruzavam. Só assim a biomecânica do ato sexual dos insetos pôde ser elucidada.
“Apesar do tom satírico do prêmio, ele é bem-vindo porque prolonga a vida do trabalho científico, que muitas vezes, depois de dois anos, já cai em uma espécie de esquecimento”, diz o entomólogo.
Outra pesquisa brasileira que recebeu o prêmio foi a de três pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco, que mostrou que morcegos-vampiros-de pernas-peludas, além de se alimentarem de aves, também têm apetite por sangue humano.
Não à toa os cientistas ganharam a categoria nutrição.
Na categoria obstetrícia (as categorias variam bastante de ano a ano) venceram cientistas italianos que descobriram que fetos respondem muito mais a estímulos sonoros quando o som é emitido de dentro da vagina da mãe em comparação a uma fonte sonora encostada na barriga.
“Os fetos reagiam movendo a boca e a língua, como se quisessem falar. Pela primeira vez, nós somos capazes de nos comunicar com os fetos”, disse à reportagem a médica espanhola Marisa Lopez Teijon, inventora do dispositivo.