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Um trabalhador rural de 42 anos acabou falecendo pouco tempo depois de ser filmado virando uma garrafa com um litro de cachaça. O episódio ocorreu no último domingo (16 de julho) no município de Santo Antônio do Rio Verde, em Goiás, após o homem entrar numa aposta de bar.

A aposta era a seguinte: se o homem conseguisse virar a garrafa de pinga, ganharia duas caixinhas de cerveja. Ele estava bebendo desde cedo com os amigos e conseguiu beber toda a cachaça. Em seguida, porém, saiu do local, se deitou na calçada e não levantou mais, sendo encontrado já morto na calçada do bar.

No vídeo gravado pelos frequentadores do bar, inclusive, o homem aparece virando a garrafa e, depois de beber toda a cachaça, outras pessoas ainda comentam que ele “bebeu” tudo e ganhou a aposta: “Pode trazer a caixinha de cerveja”, brincam.

O caso, registrado como morte natural, é uma prova de que a overdose por álcool pode matar. A intoxicação alcoólica acontece quando alguém bebe uma quantidade da substância superior àquela que o organismo é capaz de metabolizar, algo que pode variar conforme a resistência da pessoa ao álcool, sua genética, o peso e a idade, entre outros fatores.

Ao se ingerir uma quantidade muito grande de álcool em pouco tempo, é possível que o sistema gabaérgico, responsável por funcições vitais do corpo, seja comprometido, numa situação que pode levar o paciente ao coma ou até mesmo fazê-lo parar de respirar.

O consumo de álcool, inclusive, é um dos principais fatores de risco para a mortalidade prematura em todo o mundo, juntamente com o tabagismo, a obesidade, o sedentarismo e a hipertensão arterial, estando relacionado direta ou indiretamente ao desenvolvimento de inúmeras patologias, tais como cirrose hepática, hipertensão arterial, miocardiopatia, dependência alcoólica, deficiências nutricionais, doenças neurológicas e inúmeros tipos de câncer, além das situações traumáticas e violentas, como acidentes de trabalho, de trânsito, violência doméstica e homicídios.

Quase 20 mil mortes por ano no Brasil; Paraná é o quarto estado com mais falecimentos

No Brasil, segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), quase 20 mil mortes relacionadas ao consumo de álcool foram registradas em 2021, sendo que o Paraná foi o terceiro estado com mais falecimentos naquele ano. O número real de óbitos, no entanto, deve ser ainda maior, uma vez que o levantamento considera apenas os transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool e as causas externas relacionadas com a exposição ao álcool, tais como: efeito tóxico do etanol; envenenamento acidental por exposição ao álcool; autointoxicação voluntária por álcool; envenenamento por álcool com intenção não determinada; evidência de alcoolismo detectado pelas/taxas alcoolemia; e evidência de alcoolismo determinado pelo nível da intoxicação.

No Brasil, apenas no ano de 2021 houve 19.921 óbitos relacionados às causas elencadas acima. Desde 2020, primeiro ano da pandemia, inclusive, o número de falecimentos apresenta tendência de alta e vem atingindo níveis inéditos: em 2019, por exemplo, foram registrados 16.450 no país, que vinha numa sequência de seis anos consecutivos com a mortalidade relacionada ao abuso de bebidas alcoólicas em queda ou permanecendo estável de um ano para outro. Já em 2020, primeiro ano da crise sanitária, houve 19.346 falecimentos, número que chegou a 19.921 mortes no ano seguinte.

O Paraná, inclusive, aparece com destaque no levantamento. Em 2021, 1.604 pessoas faleceram no estado em decorrência da exposição ao álcool. Entre todas as unidades da federação, apenas São Paulo (3.813), Minas Gerais (2.447) e Bahia (1.820) tiveram mais falecimentos. Goiás, por sua vez, teve 864 mortes, aparecendo em 9º lugar no ranking nacional.