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Independência do Brasil: 5 fatos históricos sobre a data que você provavelmente desconhece

Editado por Josianne Ritz
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Quando se fala em Independência do Brasil, a imagem mais comum é a do príncipe Dom Pedro às margens do rio Ipiranga, proclamando o famoso “independência ou morte!”. Essa cena, eternizada na pintura de Pedro Américo e repetida em livros escolares, tornou-se o retrato oficial de um processo que, na prática, foi muito mais complexo, plural e, em muitos aspectos, ainda pouco conhecido.

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Por trás desse episódio, houve um longo caminho de disputas, batalhas, negociações políticas e articulações sociais que envolveram diferentes camadas da população. Muito além da figura de Dom Pedro, a independência contou com a participação de mulheres, escravizados, soldados, camponeses e setores da elite dividida, personagens e grupos que foram invisibilizados na narrativa tradicional, mas que tiveram papel essencial na construção do Brasil independente.

“Quando falamos em independência do Brasil, precisamos compreender que ela não foi um ato isolado, nem tampouco resultado da vontade de uma única pessoa. Foi um processo coletivo, protagonizado por diferentes pessoas”, explica Mario Marcondes, professor da Plataforma Professor Ferretto.

Pensando nisso, o professor Marcondes separou 5 curiosidades sobre a Independência do Brasil que você provavelmente não sabe:

1. Mulheres que desafiaram seu tempo

Se a história oficial costuma destacar nomes masculinos, a independência também foi marcada pela coragem e pela atuação de mulheres que enfrentaram preconceitos e limites sociais de sua época. 

“É fundamental mostrar que a independência do Brasil também foi feita por mulheres, muitas vezes silenciadas na narrativa oficial. Por exemplo, Maria Quitéria de Jesus, na Bahia, disfarçou-se de homem para integrar o exército e lutar nas batalhas contra os portugueses. Se tornando a primeira mulher a ser reconhecida oficialmente como militar no Brasil, recebendo condecorações e honrarias por sua bravura”, afirma Marcondes.

2. Escravizados na linha de frente

Embora a abolição da escravidão só tenha acontecido em 1888, mais de 60 anos depois da independência, os negros, escravizados e libertos, foram presença marcante nas batalhas que garantiram a separação com Portugal. No Norte e no Nordeste, especialmente, foram recrutados em grande número, muitas vezes com a promessa de liberdade como recompensa pelo serviço militar.

“Os negros não só lutaram, como foram decisivos em diversas batalhas. A história precisa reconhecer que a independência foi conquistada também pelo sangue dos escravizados e não apenas pelas elites”, destaca o professor.

3. O papel do povo na Bahia

Se o grito de Dom Pedro em 7 de setembro de 1822 marcou simbolicamente o início da independência, foi na Bahia, meses depois, que ela de fato se consolidou. A resistência das tropas portuguesas se estendeu até julho de 1823, quando foram derrotadas em Salvador por um movimento que envolveu soldados, camponeses, escravizados, mulheres e outros setores populares.

“O 7 de setembro é simbólico, mas foi na Bahia que a independência ganhou corpo. A data de 2 de Julho, celebrada até hoje na Bahia, marca o triunfo dessa luta coletiva e é considerada por muitos historiadores como a verdadeira independência brasileira”, ressalta Marcondes.

4. A elite dividida

Ao contrário do que sugere a visão simplificada dos livros didáticos, a independência não foi unanimidade entre as elites. Muitos comerciantes portugueses radicados no Brasil tinham fortes interesses econômicos em manter os vínculos com Lisboa, seja para preservar privilégios comerciais ou por fidelidade política.

“É um erro achar que todos estavam alinhados com a independência. Muitos grupos da elite eram contrários, e isso reforça como o processo foi mais complexo do que a narrativa oficial faz parecer. Essa divisão criou tensões internas que prolongaram os conflitos mesmo após a proclamação. Havia setores favoráveis à independência, que viam nela oportunidade de ampliar autonomia econômica e política, mas também muitos resistentes”, explica o professor.

5. Um processo nada pacífico

A ideia de que a independência do Brasil foi conquistada sem derramamento de sangue é um mito que ainda persiste. Na realidade, os confrontos armados se prolongaram por meses em diferentes regiões do país, como na Bahia, no Maranhão, no Piauí e no Pará, onde houve resistência ativa de tropas portuguesas.

“A ideia de que a independência foi pacífica é um mito. Ao contrário da imagem de uma independência ‘harmoniosa’, a separação de Portugal foi sangrenta, marcada por batalhas, sacrifícios e perdas humanas significativas”, conclui o professor   Marcondes.