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Imagem ilustrativa (Pixabay)

A veterinária Carolina Arruda, de 28 anos, recebeu autorização do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) para cultivar Cannabis em casa com finalidade medicinal. Ela sofre de neuralgia do trigêmeo, uma doença rara que causa dores intensas no rosto e é conhecida por médicos como “a pior dor do mundo”.

A história de Carolina comoveu milhares de pessoas depois que ela compartilhou nas redes sociais uma vaquinha para custear eutanásia na Suíça, país onde o procedimento é permitido por lei. O sofrimento causado pela doença a fez considerar a medida extrema.

Com a decisão judicial, Carolina agora pode plantar Cannabis em sua residência para produzir o próprio medicamento, sem risco de ser criminalizada.

No despacho, a Justiça ressaltou que o uso da maconha medicinal já proporcionou melhora significativa para a veterinária. Entre os benefícios apontados estão redução da dor, melhor qualidade do sono, diminuição da ansiedade e ganho expressivo na qualidade de vida.

Ela fundou a Associação Neuralgia do Trigêmeo Brasil com o objetivo de apoiar outras pessoas que convivem com o mesmo problema. Desde então, ela vem realizando diversos tratamentos para tentar melhorar suas dores, como cirurgia e tratamento com cetamina.


Carolina já afirmou, no começo deste ano, que um tratamento que realizou no ano passado não evoluiu como esperado e que não descarta a eutanásia.


Em relação a autorização para a Cannabis, o advogado explica que a decisão ainda é liminar e que pode ter recurso. “É uma vitória, é um caso muito importante, mas não terminou, ele está só começando. Nós sabemos que a gente vai ter bastante briga”, afirma Murilo Nicolau. A médica que acompanha o caso de Carolina é Rafaela Bock.


A liminar autoriza que, devido à baixa mobilidade de Carolina, seu marido, Pedro Augusto Arruda Leite, é autorizado a realizar o plantio. A atividade, segundo a liminar, pode ser fiscalizada pelas autoridades policiais e sanitárias, e qualquer excesso na quantidade cultivada pode causar interrupção e destruição do plantio excedente, podendo até ser considerado crime.


Também é proibida a comercialização, doação ou transferência a terceiros da matéria-prima ou dos compostos derivados da erva. Já o médico Carlos Marcelo de Barros, que também acompanha o caso de Carolina, afirma que o uso medicinal da Cannabis pode ajudar, mas não é capaz de tratar sozinho casos sérios de dor crônica.

“Para a dor como a dela, há um efeito limitado, mas ajuda em outros aspectos no contexto geral. Como um adjuvante, pode ser usado”, explica ele.
“O sistema endocanabinoide é natural do nosso corpo e tem a função de tentar manter nossas funções orgânicas em equilíbrio. O estímulo deste sistema ajuda a regular o humor, sono, percepção de doença, ansiedade e dor”, diz.
Porém, Barros, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Dor, diverge quanto ao cultivo da Cannabis por parte dos pacientes. Para ele, os medicamentos comprados prontos são mais confiáveis quanto à dosagem.
“É uma planta muito sensível, que sofre alterações com qualquer coisa, e isso altera a composição do extrato. Uma produção caseira não tem como garantir a quantidade adequada dos diferentes canabinoides que têm efeito terapêutico”, opina.