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(Foto: Renato Araújo/Agência Brasil)

Com o objetivo de garantir à população mais carente acesso a tratamentos inovadores contra o câncer, o Ministério da Saúde destinou, por meio de recursos próprios e de renúncia fiscal R$ 205,2 milhões para o desenvolvimento de pesquisa da terapia celular CAR-T Cell em 12 instituições brasileiras, dentre elas, o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a Universidade de São Paulo (USP), o Hospital Albert Einstein, entre outras. A terapia CAR-T Cell utiliza células do sistema imunológico (conhecidas como linfócitos T) extraídas do paciente e geneticamente modificadas em laboratório para reconhecer e atacar as células tumorais. Trata-se de um procedimento médico de grande complexidade e há um esforço conjunto entre o ministério e outras instituições para tornar a terapia acessível à população brasileira.

Vinte e quatro projetos de 12 instituições já receberam apoio e recursos do Ministério da Saúde, dos quais 22 estão em andamento e dois já foram concluídos (veja quadro abaixo). Parte dos recursos liberados são do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Sectics), que atua como a Secretaria-Executiva do Programa Nacional de Genômica e Saúde de Precisão (Genomas Brasil).

Além disso, foram destinados recursos por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), que têm foco na universalização de serviços essenciais na rede pública, além da retomada do investimento em políticas públicas.

Instituições que realizam pesquisas com células CAR-T

Instituição responsávelPrograma/departamentoValor aprovado
UFPA – Universidade Federal do ParáPrograma Genomas BrasilDecit/SECTICS/MSR$ 668.273,40
Inca – Instituto Nacional do CâncerPrograma Genomas BrasilDecit/SECTICS/MSR$ 23.721.177,00
Fundação Ary Frauzino para Pesquisa e Controle do CâncerPRONONR$ 6.430.590,72
HCFMUSP – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USPPrograma Genomas BrasilDecit/SECTICS/MSR$ 2.597.870,68 
DECEIIS /SECTICS/MSR$ 100.012.623,00
Fundação Hemocentro de Ribeirão PretoPrograma Genomas BrasilDecit/SECTICS/MSR$ 4.873.383,50
PRONONR$ 2.598.466,59
FAP – Fundação Antônio Prudente, AC Camargo CenterPrograma Genomas BrasilDecit/SECTICS/MSR$ 520.160,00
UFMG – Universidade Federal de Minas GeraisPrograma Genomas BrasilDecit/SECTICS/MSR$ 2.525.445,00
HCRP – Hospital das Clínicas de Ribeirão PretoPrograma Genomas BrasilDecit/SECTICS/MSR$ 1.108.000,00
USP-RPPrograma Genomas BrasilDecit/SECTICS/MSR$ 214.627,44
Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert EinsteinPROADI-SUSR$ 31.953.150,00
PRONONR$ 5.600.943,98
PROADI-SUSR$ 249.819,05
PROADI-SUSR$ 9.570.934,96
Fundação Faculdade de Medicina – USPPRONONR$ 2.014.946,67
Centro Infantil de Investigações Hematológicas Dr. Domingos A. BoldriniPRONONR$ 7.661.588,71
Fundação para o Desenvolvimento Científico e tecnológico em Saúde – FiotecPRONONR$  2.890.544,99
Total R$ 205.212.545,69

Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon).
Departamento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde e de Inovação para o SUS (DECEIIS).
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).

Público-alvo

No âmbito das pesquisas fomentadas pela pasta da Saúde, a terapia com células CAR-T está disponível no Brasil como tratamento de caráter experimental para pacientes com leucemia linfoblástica aguda de células B, linfoma e linfoma não Hodgkin. Para ser elegível a receber essa terapia, é necessário que o paciente atenda aos critérios estabelecidos para participação nos estudos clínicos. Eles são conhecidos como “critérios de inclusão” do estudo. Assim, para que o paciente possa pleitear o uso da terapia com células CAR-T, em caráter experimental, é necessário buscar uma instituição de pesquisa que conduza estudo que utilize essa terapia.

A terapia CAR-T Cell já está em uso?

As terapias CAR-T Cell registradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) podem ser acessadas AQUI. São produtos aprovados para comercialização no mercado brasileiro, porém não estão disponíveis no âmbito do SUS. Esses produtos são destinados ao tratamento de leucemia linfocítica aguda de células B, linfomas, leucemia linfoblástica aguda e mieloma múltiplo. No entanto, há estudos em andamento com objetivo de testar a sua eficácia no tratamento de outros tipos de cânceres.

Segurança

As principais preocupações de segurança do produto são com a síndrome de liberação de citocinas (SLC), que é uma resposta sistêmica à ativação e à proliferação de células CAR-T, causando febre alta e sintomas semelhantes aos da gripe, infecções e encefalopatia, ou seja, um distúrbio cerebral. As consequências da SLC são graves e, em alguns casos, até fatais. Além disso, outros aspectos importantes de segurança são a toxicidade neurológica, citopenia prolongada e infecções graves. As estratégias de monitoramento e mitigação desses efeitos secundários são parte fundamental do plano de gerenciamento de risco definido no processo de registro na Anvisa, com medidas de responsabilização que deverão ser providenciadas para o sucesso da terapia no Brasil.

 Acesso ao tratamento

Em função do altíssimo custo relacionado a esta terapia com produtos importados, a capacidade de incorporação desta tecnologia pelo Sistema Único de Saúde passa necessariamente pelo desenvolvimento de uma tecnologia nacional segura, eficaz e de custo acessível.

Por enquanto, os pacientes candidatos à sua utilização, poderão procurar informações acerca da elegibilidade diretamente nos centros responsáveis pelos estudos em andamento no Brasil.

Como funciona a terapia CAR-T Cell

Passo I

O paciente tem sangue coletado no hospital e as amostras são encaminhadas ao laboratório especializado

Passo II

O sangue passa por um processo que isola e amplifica as células “T”

Passo III

Em 14 dias, as células são modificadas geneticamente e transformadas em CAR-T

Passo IV

As células passam por congelamento e controle de qualidade. Mais 45 dias

Passo V

O paciente volta ao hospital e recebe suas próprias células, agora modificadas, por meio de uma transfusão de sangue

Passo VI

Após algumas semanas em observação, tudo correndo bem, o paciente volta para casa