Número de trabalhadores afastados por saúde mental é maior da última década

Número alto de afastamentos impulsiona inclusão de riscos psicossociais na NR-1

Assessoria
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O número de afastamentos por saúde mental no Brasil atingiu o recorde de quase meio milhão em 2024, maior registrado na última década, segundo o Ministério da Previdência Social. Para evitar novos casos, a saúde mental agora está inclusa nos riscos psicossociais na Norma Regulamentadora NR-1, que trata das disposições gerais e do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO). A atualização aconteceu em maio de 2025.

O impacto desses afastamentos não se restringe apenas à produtividade das empresas, mas também gera custos elevados para o governo, que precisa arcar com benefícios previdenciários. Para o especialista em segurança do trabalho e CEO da CPR Med, Marcelo Brocchi, a medida é consequência da mudança de comportamento organizacional iniciada durante a pandemia, “A pandemia da COVID-19 intensificou esses desafios, trazendo à tona a necessidade de políticas mais eficazes para a promoção da saúde mental no ambiente corporativo. Com isso, a inclusão dos riscos psicossociais na NR-1 surge como uma resposta regulatória para minimizar esses impactos e garantir condições de trabalho mais saudáveis”, explica.

O que mudou para as empresas?

Com a nova exigência, todas as empresas que possuam trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) — ou seja, a partir de um funcionário — deverão identificar, avaliar e gerenciar os riscos psicossociais em seus ambientes de trabalho. Isso inclui fatores como estresse ocupacional, assédio moral e sexual, sobrecarga de trabalho e pressão excessiva por resultados.

As empresas precisarão adotar medidas preventivas e realizar avaliações periódicas desses riscos, promovendo um ambiente corporativo mais equilibrado e produtivo. “As organizações devem implementar ações como o desenvolvimento de políticas de prevenção ao assédio; promoção do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional; oferta de suporte psicológico e programas de bem-estar; além da capacitação de gestores e colaboradores sobre os riscos psicossociais”, completa o economista.

O descumprimento da norma poderá resultar em sanções administrativas, multas e até interdições, conforme fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego. Setores com alta incidência de adoecimento mental, como teleatendimento, bancos e estabelecimentos de saúde, serão prioritários.

Como as empresas devem se preparar?

É recomendável que as empresas iniciem o quanto antes a identificação e avaliação dos riscos psicossociais, estabelecendo planos de ação e promovendo treinamentos internos. Profissionais de RH (Recursos humanos) e segurança do trabalho terão um papel fundamental nesse processo e devem buscar capacitação para auxiliar na adequação das empresas à nova realidade.

“É importante ressaltar que, embora a NR-1 não especifique a obrigatoriedade de acompanhamento psicológico, é recomendável que as empresas ofereçam canais de apoio e suporte para os trabalhadores. Outra iniciativa interessante é a promoção de treinamentos e workshops sobre o tema”, finaliza.
A NR-1 também exige que as empresas mantenham registros detalhados do gerenciamento de riscos psicossociais. Isso inclui relatórios de diagnóstico, planos de ação e treinamentos realizados, que devem estar disponíveis para auditorias e fiscalizações do Ministério do Trabalho e Emprego.