Um DVD obtido com exclusividade pela TV Bandeirantes mostra uma confraternização de fim de ano patrocinada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) na favela Morro do Samba, em Diadema, no ABCD. A festa, com direito a churrasco, também é regada a cocaína, maconha e cerveja. Promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) viram as imagens e ficaram indignados.
A confraternização reuniu pelo menos 500 pessoas na Travessa Jurupis, em Diadema. As cenas são chocantes. As imagens mostram jovens formando uma enorme fila para cheirar cocaína. Grande quantidade da droga é colocada numa bandeja de alumínio.
Os traficantes, alguns exibindo pistolas automáticas na cintura, deixaram na bandeja a marca do crime: espalharam a cocaína usando as iniciais PCC. Para cheirar a droga, os usuários improvisaram como canudo notas de real e de dólar. Alguns utilizaram papel. As imagens mostram um rapaz com sintomas de overdose. Ele aparece caído na calçada, com princípio de convulsão.
A fila para cheirar não era formada apenas por homens. Uma mulher também improvisou um canudo para aspirar o pó. Ela cheirou várias vezes, inclusive na frente de crianças e adolescentes. Depois subiu no palco onde havia shows com bandas de rap e grupos de pagode e dançou, alegremente.
Os organizadores do evento também providenciaram maconha para os convidados. Os traficantes não se cansavam de exibir tijolos da droga. Um cigarro gigante com a erva, do tamanho de um rojão, foi enrolado. Várias pessoas fumaram.
A cerveja também rolou solta na festança do PCC. Meninas adolescentes dançavam ao som de rap com garrafa da bebida nas mãos. Em meio às danças, traficantes voltavam a servir cocaína na bandeja para as centenas de convidados. Todos aguardavam na fila a vez para cheirar. Não houve incidentes.
Uma queima de fogos de pelo menos dez minutos marcou a confraternização. O espetáculo pirotécnico foi contemplado por todos. Nas lajes das casas de alvenaria, um grupo de menores acompanhava todos os lances do evento. Já no fim da festa, o apresentador dos grupos musicais usou o microfone para homenagear os amigos mortos em possíveis confrontos com a polícia.
O Morro do Samba é a mesma favela onde grafiteiros desenharam no muro, durante uma das ondas de ataques do PCC do ano passado, uma viatura da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar)capotada e PMs da guarnição feridos. A favela foi ocupada em julho de 2006 por 465 PMs. Segundo a Polícia Civil, o tráfico no local é comandado por Edilson Borges Nogueira, o Biroska, de 33 anos, um dos principais líderes do PCC, preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no Oeste do Estado.
Durante a festa, os organizadores estenderam uma enorme faixa desejando a todos feliz Natal e Ano Novo. As imagens dos usuários usando entorpecentes chocaram os promotores do Gaeco. Eles prometeram investigar o caso para tentar identificar os traficantes.
Segundo o Ministério Público, Biroska é um dos homens fortes do PCC. Ele é condenado a 21 anos e quatro meses por tráfico e roubo. Ele começou a roubar carros na adolescência. Dez anos depois passou a realizar assaltos a banco e seqüestros. Acabou preso em 2001. Da cadeia, Biroska comanda o tráfico em Diadema, Grajaú, na Zona Sul, e na Baixada Santista.