CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Pelo segundo dia consecutivo, a Polícia Civil de Santa Catarina realiza, nesta sexta (8), uma operação para prender os responsáveis pela onda de ataques contra prédios públicos e agentes de segurança, que começou na semana passada. A Operação Hidra de Lerna deve cumprir 72 mandados de prisão e 57 de busca e apreensão, a maioria no litoral norte do Estado. Até o final desta manhã, 20 pessoas haviam sido presas. O foco, mais uma vez, são os líderes da facção criminosa que teria comandado os ataques no Estado. “A atuação desta facção também se dá com o surgimento de novas cabeças quando se ataca apenas os executores”, informou a Polícia Civil, ao justificar o nome da operação. A prioridade, segundo a polícia, é prender quem dá as ordens de comando, e não quem realiza os ataques. Na quinta (7), a Polícia Civil cumpriu 47 mandados de prisão em outra operação, batizada de Independência, contra grupos criminosos que teriam organizado os ataques. A maior parte dos mandados era contra pessoas que já estavam detidas no sistema prisional do Estado. A atual onda de violência em Santa Catarina começou em 31 de agosto. Até esta quinta (7), foram registradas 53 ocorrências em 31 cidades, entre ataques a prédios públicos e a veículos particulares. Embora formalmente a Polícia Civil não divulgue o nome do grupo suspeito pelos ataques, policiais ouvidos pela reportagem dizem que se trata do PGC (Primeiro Grupo Catarinense). O grupo foi criado em 2003, dentro do sistema prisional do Estado. Atua nas ruas e nas prisões, segundo o Ministério Público.
HISTÓRICO
O PGC já foi apontado pela polícia como o responsável por ataques anteriores, semelhantes ao atual, registrados em Santa Catarina em 2012, 2013 e 2014. Juntas, essas três ondas de violência somaram 297 ocorrências, segundo a Polícia Militar, a maioria contra instalações da segurança pública. O secretário-adjunto da Segurança Pública, Aldo Pinheiro D´Ávila, afirmou que os ataques “vêm perdendo força”. Na terça-feira (5), foram dez. Na quarta, oito. Na quinta, não houve registros. Neste ano, a maioria dos atos foi contra prédios e agentes da segurança pública. Nas ondas de violência anteriores, até o transporte coletivo virou alvo. Em 2014, criminosos incendiaram 44 ônibus. À época, as investigações concluíram que os ataques foram uma forma de a organização revidar violência e privações sofridas nas cadeias do Estado, além de demonstrar força para seduzir simpatizantes e intimidar desafetos. De acordo com um agente prisional ouvido pela reportagem, atualmente, a ordem dos criminosos era “para matar policiais” (as mortes de três policiais e um agente prisional no último mês estão sendo investigadas pela polícia), e não tentar criar pânico na população.