SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A secretária municipal de Direitos Humanos do Rio, Teresa Bergher, criticou, neste domingo (30), o discurso do clérigo do Irã Mohsen Araki, 61, em São Paulo. Em evento sobre terrorismo realizado neste sábado (29), Araki classificou como “terrorismo” as restrições impostas na última semana por Israel à entrada de muçulmanos na Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém. No dia 14, um atentado deixou dois policiais israelenses mortos em uma das entradas da Cidade Velha. Em resposta, o governo de Israel instalou detectores de metal na Esplanada, mas depois os retirou após uma onda de protestos de palestinos. “Por que os muçulmanos não podem entrar em suas mesquitas? Isso não é terrorismo? Centenas de palestinos foram feridos porque queriam entrar nas mesquitas e fazer suas orações”, questionou o clérigo no evento de SP. Para Bergher, o clérigo adota um “discurso de ódio” que “justifica a violência” e que “serve apenas para incentivar possíveis ataques de organizações terroristas ou mesmo dos chamados lobos solitários, que agem por conta própria, desde que insuflados por líderes que pregam o terror e a violência contra outros povos”. “Não temos terrorismo no Brasil. Mas já sofremos com diversos problemas. Não precisamos de mais ódio por aqui”, afirmou a secretária municipal de Direitos Humanos do Rio. Em ofícios enviados na semana passada ao Ministério da Justiça e ao Ministério das Relações Exteriores, Bergher pediu que a entrada de Araki no país fosse barrada por ele proferir “com frequência discursos de ódio”. Segundo a secretária, “o aiatolá teve a ousadia de vir ao Brasil falar sobre o combate ao terrorismo e afirmar que Hamas e Hizbullah não praticam o terror, apenas lutam por suas causas”. A visita do clérigo ao Brasil despertou críticas de líderes religiosos, que o acusam de discurso de ódio contra Israel. Em entrevista à Folha na sexta-feira (28), Araki afirmou ter sido mal interpretado e que o ambiente de ódio foi criado por aqueles que o criticaram.
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