A TAM e a Gol já se prepararam para receber os passageiros que possuem bilhetes da empresa aérea BRA Transportes Aéreos. As pessoas que chegam ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, e se dirigem aos guichês da BRA são orientados por fiscais do Procon a procurar as duas companhias aéreas, que já organizaram atendimento exclusivo para esses passageiros. Até por volta das 10 horas, quem tinha bilhete da BRA estava conseguindo embarcar sem transtornos pela Gol e TAM.
 


Em Congonhas, porém, quem foi à loja da BRA não conseguiu trocar os bilhetes, já que os vôos da companhia saem exclusivamente do aeroporto de Cumbica. Os passageiros que pediram informações sobre o reembolso do dinheiro ouviram respostas desencontradas sobre o prazo para receber o dinheiro gasto: alguns funcionários informaram que o tempo variaria entre 15 e 30 dias, outros entre 30 e 60.


 



Nesta manhã, A TAM divulgou nota na qual esclarece que a medida de aceitar os passageiros da BRA é resultado de uma solicitação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para evitar que cerca de 70 mil passageiros percam seus vôos.


 


Segundo a nota, “a TAM aceitará a partir de hoje, dia 7, os bilhetes já emitidos pela BRA para destinos domésticos e internacionais, de acordo com a disponibilidade de assentos nos vôos operados pela TAM”.


 


Na última terça-feira, a BRA suspendeu suas operações parando de vender bilhetes, tirando o site do ar e dando aviso prévio para seus 1.100 funcionários. Nos guichês da companhia em Cumbica, não havia na manhã desta quarta-feira nenhum funcionário para atender os passageiros.



Apesar de ter recebido um aporte de R$ 180 milhões de um grupo de investidores em dezembro do ano passado, a companhia acumula mais de US$ 100 milhões em dívidas com bancos e empresas de leasing, revelam fontes do mercado.


 



A empresa, que em seu auge chegou a transportar 180 mil passageiros por mês, tinha 70 mil passagens vendidas até março de 2008.


 



Crise — Em nota divulgada na terça, a BRA afirmou que a suspensão é ‘temporária’, mas não tem previsão de quando voltaria. Na nota, a empresa disse ainda estar ‘em processo de negociação para a obtenção dos recursos financeiros necessários para a continuação das operações’. A empresa tem 180 dias para voltar a operar, sob pena de perder a concessão.


 



Segundo analistas, é praticamente impossível uma companhia aérea voltar a operar depois de uma parada. ‘Não existe esse negócio de companhia aérea parar. Transbrasil e Vasp prometeram voltar, mas não saíram do chão’, afirma o consultor Paulo Bittencourt Sampaio. ‘É como um paciente que pára de respirar. Acabou.’


 



A companhia detinha 4,6% de participação no mercado doméstico em setembro. Fazia uma média de 35 vôos domésticos durante a semana e 50 vôos nos finais de semana. Os destinos internacionais (Lisboa, Madri e Roma) já haviam sido interrompidos na semana passada.


 



A crise financeira da BRA veio à tona com o fim do acordo de compartilhamento de assentos (code share) com a OceanAir. A parceria começou a valer no dia 18 de junho, mas foi desfeita três meses depois. Segundo pessoas próximas à aliança, o rompimento foi determinado por dívidas da BRA com a OceanAir e pelas diferenças de estratégias. Segundo fontes da OceanAir, a dívida da BRA apenas com a própria OceanAir é de R$ 400 mil.


 



A BRA chegou a ter 11 aeronaves, mas estava operando com apenas seis por falta de recursos para pagar aluguéis. Diante da redução da frota, a empresa solicitou uma redução de sua malha de vôos. Criada em 1999 pelos irmãos Humberto e Walter Folegatti, empresários do ramo de turismo, a empresa nasceu de uma parceria com uma empresa de turismo do grupo Varig. A parceria foi parar na Justiça sob acusação de favorecimento de alguns executivos ligados à Fundação Ruben Berta, ex-controladora da Varig.


O Procon-SP alertou aos passageiros com passagens já compradas que procurem os postos da Anac nos aeroportos, e, caso não consigam reembolso ou realocação, que procurem o Procon para registrar queixa. Em nota, a BRA disse aos passageiros para não se dirigirem aos aeroportos ou às lojas da empresa antes de entrar em contato pelo telefone (11) 3583-0122. A empresa também informou que informações podem ser obtidas por meio do site voebra.com.br.


 


Informação: O consumidor que tiver passagens da BRA deve procurar os postos de atendimento da companhia, que têm o dever de reembolsar o valor da passagem ou realocar o passageiro em vôo de outra empresa aérea


 


Recusa: No caso de as companhias aéreas se recusarem a realocar os passageiros, o consumidor deve procurar a Anac


 


Reembolso: Caso não consiga lugar em outro vôo nem o reembolso da passagem por parte da BRA, o passageiro deve recorrer aos Juizados Especiais Cíveis, localizados nos aeroportos, ou procurar órgãos de defesa do consumidor como o Procon


 


Pacotes: Caso tenha adquirido pacotes que incluam vôos fretados da BRA, o consumidor deve entrar em contato com a agência de viagens


 


Diferença: O consumidor não tem a obrigação de arcar com eventuais diferenças de preço do bilhete, no caso de endosso por outra companhia


 


Contato: A BRA recomenda aos passageiros com bilhetes comprados que, antes de se dirigirem aos balcões da companhia nos aeroportos, entrem em contato com a empresa pelo telefone (11) 3583-0122 ou busquem informações no site voebra.com.br.