A política de implantação de unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) é um caminho sem volta, avaliou nesta segunda-feira (30) o governador do Rio, Sérgio Cabral, que pretende implantar pelo menos 40 UPPs em seu governo. Na última sexta-feira (27), Cabral inaugurou a segunda delegacia de polícia em uma região pacificada. A primeira foi na Rocinha, no dia 21 deste mês.
Atualmente, existem no Rio 36 comunidades ocupadas pelas forças de segurança. A política de implantação de UPPs começou em dezembro de 2008, com a pacificação do Morro Dona Marta, em Botafogo. Vamos avançar com as companhias pacificadoras, que é um estágio entre a companhia convencional e a UPP. Vamos avançar com mais UPPs. Continuar contratando policiais militares, prosseguir com concursos públicos na Polícia Civil. É um processo que não para e eu tenho certeza de que é um caminho sem volta.
O governador comentou os recentes ataques de criminosos a policiais em algumas comunidades pacificadas, principalmente na Rocinha, no Lins de Vasconcelos e no próprio Complexo do Alemão.
É a reação do crime organizado a uma mudança inesperada para eles, tanto da milícia quanto do tráfico, que durante 30 ou 40 anos viveram basicamente na impunidade. No Complexo do Alemão, até a nossa chegada, fazia dez anos que não havia uma operação policial efetiva. Essa mudança de paradigma modifica a correlação de forças para o crime organizado, que se enfraquece, deixa de ter o domínio territorial, e a venda da droga fica muito mais difícil. E há uma tentativa permanente, por parte dos criminosos, de prejudicar essa política de segurança.
O secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, reconheceu que existe uma resistência do tráfico à presença do Estado, mas ressaltou que os criminosos estão perdendo terreno.
Os casos de violência infelizmente existem e vão existir. Não há garantias de que isso nunca mais vá acontecer. Se isso existe em vários lugares do país e do mundo, imagine em lugares historicamente conflagrados. O que nós temos que estar é atentos. Essas incidências, eu posso garantir, são muitíssimo menores do que eram há sete ou oito anos. Nós não temos ilusão de que esse é um trabalho fácil. O que eu posso dizer para essas comunidades é que nós não vamos desistir, não vamos nos afastar de nosso propósito. A polícia é maioria dentro desse lugares, os criminosos sempre agem de maneira covarde e sorrateira, e nós vamos permanecer. Se tiver que aumentar o efetivo, aumentaremos. É um processo que não tem mais volta. Mas não há jogo ganho.