Vereador de CPI da Dívida deve R$ 450 mil

Folhapress

ROGÉRIO GENTILE E ROGÉRIO PAGNAN SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O vereador Adilson Amadeu (PTB) é um dos membros mais aguerridos da CPI aberta na Câmara Municipal para investigar os grandes devedores de impostos da Prefeitura de São Paulo. Ele costuma fazer duros questionamentos a representantes de empresas devedoras e não perde a oportunidade de afirmar que a meta principal da Comissão Parlamentar de Inquérito é recuperar ao menos parte dos quase R$ 100 bilhões que o município têm a receber na praça. “Os recursos que faltam para o desenvolvimento de projetos podem vir daqueles que sonegam ou protelam o pagamento de tributos.” Amadeu, no entanto, apesar da indignação que demonstra nas sessões da CPI na Câmara, também é um devedor dos cofres públicos. Sua empresa, a Sodesp Organização de Despachos Ltda, deve cerca de R$ 450 mil em impostos (ISS e IPTU) para a cidade de São Paulo. Há cinco processos na Justiça contra a empresa do vereador por não pagamento de ISS (Imposto sobre Serviços). A dívida mais antiga é de 2008, no valor de R$ 95.586, quando ele exercia o primeiro de seus quatro mandatos no Legislativo municipal. Há débitos também dos exercícios de 2009, 2011, 2014 e 2015. O cadastro de débitos da Prefeitura de São Paulo aponta também um valor devido de IPTU de R$ 10.329. Procurado pela reportagem, o parlamentar confirmou as dívidas. Disse que já está pagando os débitos, em um programa de parcelamento. O vereador afirma que sua empresa funciona há 45 anos e, assim como qualquer pequeno ou médio empresário, enfrenta dificuldades para pagar todos os débitos. “É praticamente impossível que um pequeno ou médio empresário não tenha que parcelar dívidas em algum momento”, afirmou o vereador. Amadeu não está só. Outro membro da Comissão Parlamentar de Inquérito, Isac Félix (PR), escolhido como relator da investigação, também tem contra si uma ação movida pelo município pelo não pagamento de IPTU. O valor de sua dívida é bem menor que a de Amadeu, cerca de R$ 10 mil, que o vereador decidiu pagar em parcelas após ser acionado na Justiça pelo município. PATRIMÔNIO Em 2016, durante a disputa pela reeleição, Adilson Amadeu declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 8,54 milhões. O parlamentar é proprietário de seis apartamentos, dois imóveis, três garagens e um terreno. Quatro anos antes, havia declarado à mesma Justiça Eleitoral um patrimônio bem inferior, de R$ 428 mil. Questionado pela reportagem à época sobre a evolução dos bens, ele afirmou que os imóveis estavam anteriormente no nome de sua ex-mulher. Disse que o patrimônio não aumentou durante o mandato na Câmara Municipal. Amadeu tem nos taxistas a sua principal base. Considerado um dos principais caciques do Legislativo, chegou a ficar de cueca em um protesto promovido pela categoria contra o aplicativo Uber. Por sugestão da CPI, o prefeito João Doria (PSDB) enviou para apreciação da Câmara um projeto de lei que institui um novo programa de parcelamento de débitos, que oferece redução significativa nos juros e da multa para quem pagar a dívida. Nas redes sociais, o vereador Amadeu comemorou. “Orgulho-me em saber que o projeto nasceu durante a CPI, da qual faço parte e pela qual tanto trabalho.”