Curitiba chuva
Foto: Ricardo Marajó/SECOM

Com o céu cinza quase constante, Curitiba viu muita chuva ao longo deste ano. Nos primeiros 280 dias de 2025, a capital paranaense registrou chuva em 114 ocasiões, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), algo em torno de 40% do total destes dias.

Janeiro foi até agora o mês campeão em chuvas, com 265,4 milímetros registrados em 22 dias.

O clima chuvoso não dá trégua neste início de mês de outubro: foram sete dias com um acumulado de 48 milímetros, segundo o Inmet.

Meteorologista do Simepar, Reinaldo Kneib explica a combinação de fatores que leva Curitiba a ter tanta chuva.

“A precipitação é bastante elevada por características como a proximidade com o oceano e a Serra do Mar, que contribui para a formação de tempestades”, explica Kneib.

Velha conhecida
Não é de agora que Curitiba se apresenta como uma cidade chuvosa. O botânico, naturalista e viajante francês Auguste Saint-Hilaire já reclamava em 1820 da alta pluviosidade no clima da então Comarca de Curitiba.

“Chovera durante todo o tempo em que estive em Curitiba, forçando-me essa circunstância a permanecer ali até 22 de março. Aliás, só com bom tempo se pode atravessar a serra, sendo também imprudente fazê-lo após uma chuva mais ou menos abundante”, relatou Saint-Hilaire em registro de viagem.

Na época, a cidade ainda fazia parte de São Paulo e contava com apenas 12 mil habitantes, além da pouca infraestrutura urbana. Ao mesmo tempo que a chuva dificultava a vida provinciana, também era um alívio em tempos em que o fornecimento de água potável dependia de fontes e dos chamados pipeiros ou aguadeiros, que revendiam barris cheios de água na região central.

Personagem central
As mais do que comuns gotas de chuvas de Curitiba protagonizam espaços relevantes dentro do imaginário popular e literário da cidade. O escritor Dalton Trevisan dedicou um conto inteiro a esse fenômeno meteorológico em 1951.

No conto Chuva, o autor transforma o conhecido clima de Curitiba em cenário, personagem principal e coadjuvante ao mesmo tempo. O fenômeno que afeta a todos os curitibanos se transforma em prosa poética e preenche de gota em gota a obra do Vampiro de Curitiba, como o escritor ficou conhecido.

“As mãos no bolso não esquentam. Alguns viúvos choram na fila, esse ônibus nunca vem. Ora, gotas de chuva, pensam os vizinhos. Todos querem esse guarda-chuva esquecido num dia de sol, quando havia sol”, escreve Trevisan.

Outro importante autor curitibano, Paulo Leminski também dedicou mais de um poema ao icônico clima de Curitiba. Em 1983, no livro Caprichos e Relaxos, Leminski convida a velha conhecida para uma dança.

“Senhorita chuva me concede a honra desta contradança e vamos sair por esses campos ao som desta chuva que cai sobre o teclado”, declara Leminski.

Defesa Civil de Curitiba


A Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil de Curitiba é o órgão municipal responsável por monitorar as variações climáticas na cidade e agir em caso de emergências.

Para realizar este serviço, a Defesa utiliza o Sistema de Alerta e Alarme de Prevenção de Desastres de Curitiba (SisAAPrev). O sistema, composto de 15 estações meteorológicas, permite uma coleta de dados mais precisa dos fenômenos climáticos. As estações funcionam por energia solar e possuem sensores para a medição da quantidade de precipitação pluviométrica, raios UV, direção e velocidade do vento, temperatura, umidade relativa do ar, pressão atmosférica e radiação solar.

A Defesa Civil também coordena equipes preparadas em cada uma das dez regionais de Curitiba, prontas para atender a população em caso de chuvas, granizo, vendavais e qualquer outra emergência. Caso ocorra qualquer emergência, a recomendação à população é acionar a Defesa Civil pelo telefone 199.