O consumo de combustĂ­veis fĂ³sseis – petrĂ³leo, gĂ¡s natural e carvĂ£o – deverĂ¡ chegar ao pico atĂ© 2030, Ă  medida que a utilizaĂ§Ă£o de energias limpas ganhar força, prevĂª a AgĂªncia Internacional de Energia (AIE), em relatĂ³rio divulgado nesta quarta-feira, 16. A partir de entĂ£o, o crescimento contĂ­nuo da demanda global por energia deverĂ¡ ser atendido exclusivamente por fontes renovĂ¡veis, aponta.

A AIE calcula que mais de 560 gigawatts (GW) de capacidade em energias renovĂ¡veis foram adicionados Ă  estrutura global em 2023, mas alerta que “nĂ£o hĂ¡ uniformidade entre tecnologias e paĂ­ses” – somente a China contribuiu com cerca de 60% para a capacidade de energia renovĂ¡vel no ano passado.

O relatĂ³rio estima que o crescimento da demanda por eletricidade irĂ¡ acelerar nos prĂ³ximos anos em ritmo mais rĂ¡pido, aumentando cerca de 6% em 2035, mas acompanhado pelo desempenho de fontes renovĂ¡veis e atendendo metas globais de “net zero”. Segundo a AIE, o consumo serĂ¡ impulsionado por centros de dados e inteligĂªncia artificial (IA), indĂºstrias, mobilidade elĂ©trica e mĂ¡quinas de resfriamento.

Por outro lado, este cenĂ¡rio pesarĂ¡ no crescimento da demanda por petrĂ³leo. Somente o aumento no uso de veĂ­culos elĂ©tricos (EVs, em inglĂªs) deve reduzir a demanda global pelo Ă³leo em 6 milhões de barris por dia (bpd), intensificando o superĂ¡vit da oferta e mantendo os preços na faixa de US$ 75 a 80 o barril.

A AIE reconhece um “potencial elevado” de riscos de interrupĂ§Ă£o da oferta combustĂ­veis fĂ³sseis no curto prazo, devido aos conflitos no Oriente MĂ©dio, lembrando que cerca de 20% da produĂ§Ă£o global de petrĂ³leo e gĂ¡s natural liquefeito (GNL) passa pelo Estreito de Ormuz. “Contudo, a capacidade de produĂ§Ă£o do petrĂ³leo deve aumentar para 8 milhões de bpd e uma onda de projetos de GNL ampliarĂ¡ em 50% a capacidade de exportações atĂ© 2030”, aponta.

Para a agĂªncia, a reduĂ§Ă£o nos preços de combustĂ­veis fĂ³sseis gera uma oportunidade para que economias emergentes e em desenvolvimento redirecionem recursos para investimentos em energias renovĂ¡veis, acelerando a transiĂ§Ă£o para uma economia verde.

Como pontos positivos, a AIE destaca que jĂ¡ existe uma produĂ§Ă£o de ampla capacidade de baterias de lĂ­tio e painĂ©is solares, o que tambĂ©m reduz o custo de adoĂ§Ă£o de renovĂ¡veis, e que os investimentos em projetos de energia limpa estĂ£o de aproximando do valor de US$ 2 trilhões por ano – o dobro dos investimentos em combustĂ­veis fĂ³sseis. “Juntamente com a energia nuclear, que Ă© objeto de interesse renovado em muitos paĂ­ses, as fontes de baixas emissões devem gerar mais da metade da eletricidade mundial antes de 2030”, prevĂª.