Acesso ao imóvel de Ghosn no Rio cria risco de destruição de provas, diz Nissan

Folhapress

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A juíza Sônia de Fátima Dias suspendeu no sábado (8) liminar que permitia o acesso ao apartamento da Nissan no Rio cedido ao ex-presidente do conselho de administração da companhia, Carlos Ghosn, que está preso no Japão.

No processo, a montadora diz que a entrada no apartamento representa “risco incalculável de destruição de potenciais provas dos crimes alegadamente praticados” pelo executivo. 

A empresa solicita que os bens que estão dentro do imóvel sejam inventariados e entregues à custódia do gerente de Governança, Riscos e Compliance da empresa, Salvador Dahan.

Preso desde o dia 19 de novembro, Ghosn pede na Justiça brasileira acesso ao apartamento para retirar bens pessoais -que, segundo sua defesa, “podem ser extraviados, furtados ou danificados, sobretudo aqueles com valor de mercado, como por exemplo, relógios, joias e obras de arte”. 

Localizado na zona Sul do Rio, o imóvel foi comprado por subsidiária da Nissan em 2012 para servir de residência a Ghosn quando o executivo estivesse no Rio. Na época, a montadora iniciava a construção de uma fábrica na região sul do estado.

Após a prisão de Ghosn, a Nissan trocou as fechaduras do imóvel, negando acesso a familiares e representantes do executivo. Diz que encontrou três cofres fechados dentro do apartamento, que poderiam conter evidências de crimes. 

“Neles podem estar bens que tenham sido adquiridos com recursos da Nissan e que sejam de sua propriedade”, acrescenta. 

A defesa do executivo diz que a medida infringiu a inviolabilidade do lar e privou o executivo de seus bens sem o devido processo legal. A filha de Ghosn, Caroline Ghosn Bichara, também é autora do processo.

Na última quinta (6), o juiz Ricardo Cyfer concedeu liminar garantindo o acesso por 24 horas, alegando que ainda não havia imputação criminal contra o executivo. A liminar foi derrubada no sábado, acatando recurso da Nissan.

A decisão foi publicada nesta segunda (10), mesmo dia em que Ghosn foi oficialmente indiciado por procuradores de Tóquio por problemas em sua declaração de renda. A Nissan também foi indiciada, por apresentar declarações financeiras falsas.

A defesa do executivo não retornou ao pedido de entrevista. A Nissan disse em nota que está cooperando com as autoridades e trabalhando para evitar a destruição de qualquer indício ao permitir o acesso ao imóvel.