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Dólar. Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O dólar fechou em queda de 0,49% nesta segunda-feira (6), cotado a R$ 5,310. A queda ocorreu após a ligação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump pela manhã. Falas do presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, e a paralisação do governo dos Estados Unidos também pautaram as negociações.

Já a Bolsa recuou 0,41%, a 143.608 pontos.

A conversa com Lula por telefone foi “muito boa”, afirmou Trump em postagem na rede Truth Social. Vários assuntos foram discutidos, segundo ele, mas os principais foram economia e comércio.

“Teremos mais conversas e nos encontraremos em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Gostei muito da ligação. Nossos países irão prosperar juntos!”, escreveu.

De acordo com o Palácio do Planalto, Lula pediu para que Trump retire o tarifaço imposto ao Brasil e solicitou a suspensão de “medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras” – o americano cassou vistos de auxiliares do petista e autorizou sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Ainda segundo o Planalto, Trump escalou seu secretário de Estado, Marco Rubio, para dar sequência às negociações sobre o tema. Ambos líderes concordaram ainda em realizar uma reunião presencial em breve. Lula sugeriu a cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), no final de outubro na Malásia, como uma opção.

Encontro

Lula também se colocou à disposição para viajar aos Estados Unidos e encontrar-se com Trump.

“O presidente Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda Fernando Haddad. Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA). E também se dispôs a viajar aos Estados Unidos”, afirmou o Palácio do Planalto.

A ligação afetou o apetite dos investidores no mercado cambial. “As falas de Trump após a conversa deram ânimo extra, levando a moeda à mínima de R$ 5,309”, diz Marcio Riauba, chefe da mesa de operações da StoneX Banco de Câmbio.

Galípolo

O mercado também pesou falas de Gabriel Galípolo, que afirmou em evento em São Paulo que a dispersão da inflação tem recuado depois de atingir um nível “bastante elevado” em abril.

Esse processo, porém, tem se concentrado nos preços de bens, com a inflação de serviços seguindo em nível incompatível com a meta. O presidente do BC ainda destacou que as expectativas inflacionárias do mercado apontam para uma inflação acima do alvo de 3% até 2028, segundo o Boletim Focus. Trata-se de um indicativo “bastante incômodo” para a autoridade monetária.

A meta oficial tem margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Galípolo reiterou que o BC persegue o centro de 3%, vislumbrando a manutenção da taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, em um patamar restritivo por um período prolongado a fim de atingir o objetivo.

A perspectiva de juros altos por mais tempo favorece a renda fixa brasileira, ainda que o Ibovespa tenha batido sucessivos recordes nominais no mês de setembro. A injeção de ânimo na renda variável doméstica deriva da chegada de investidores estrangeiros aqui, depois que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) cortou os juros pela primeira vez em 2025 na última reunião, em setembro.

Isenção do Imposto de Renda

A isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês também segue no radar dos investidores. O projeto ainda precisa passar pelo Senado Federal antes de começar a valer em 2026. A expectativa é que ele seja aprovado sem grandes intercorrências.

O projeto levantou temores de ingerência fiscal no ano passado, o que, entre outros fatores, levou o dólar ao recorde histórico de R$ 6,20. Mais do que a isenção em si, o mercado temia que o texto fosse desidratado na Câmara sem uma compensação para a perda de receita, desequilibrando as contas públicas e impondo dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida do governo.

Mas, mesmo com a medida compensatória -um imposto mínimo de 10% para grandes fortunas-, investidores seguem temerosos. Circulam pelas mesas de operação rumores de que o governo Lula estaria estudando a possibilidade de um programa federal para implementar tarifa zero em transporte coletivo de passageiros em todo o Brasil.

Há o receio de que iniciativas como essa possam se multiplicar com a proximidade do ano eleitoral, gerando mais gastos para o governo.